BALÃO, GAIOLA,EXPLOSÃO

EXPLOSÃO DO BALÃO

Meu Deus!!! Foi como se estivesse em um campo de guerra!

Marcelo recém casado com minha filha é lindo, quase dois metros de altura, olhos azuis, um carinho puro comigo.

Perfeito só com dois defeitos...Palmeirense e baloeiro!

Porém ninguém é perfeito, o que interessa é o caráter e o coração, o resto a gente ignora.

Eu sempre disse que sou contra os baloeiros porque eles não sabem o mau que causam. Vi vários incêndios causados por balões.

Ele não se deu por vencido e falou que um dia se eu o acompanhasse em uma soltura e resgate de balões, mudaria de idéia. Disse também que tudo na vida tem seu lado positivo e negativo e que não era um bicho de sete cabeças.

Pensei...é verdade...Político nos faz um mal desgraçado e temos que conviver com eles todos os dias, as vezes uns deixam uns rombos em nossas vidas, bem maiores que um incêndio. É pode ser, tudo tem dois lados.

Resolvi então acompanhá-lo eu e minha filha grávida de sete meses.

Chegamos ainda escuro na casa de uns amigos de Marcelo, esses pareciam que estavam todos hipnotizados. Foram dividindo o material nos carros, sim, havia uns dez carros.

Era uns negócios que mais tarde fiquei sabendo o nome, gaiolas, botijões de gás, e um balão gigantesco bem dobrado. Um verdadeiro armamento.

Eu com minha mente fértil , estava imaginando-me a caminho de uma guerra, homens bombas, tomar o poder de algum País, seqüestrar o Presidente dos Estados Unidos. Sentia-me poderosa. Estava com o poder nas mãos.

Bem mais deixe-me parar com meus devaneios...

E então ainda escuro chegamos em um lugar ermo. Fiquei embasbacada de notar centenas de pessoas com camisetas de seus grupos de baloeiros todos se conheciam se cumprimentavam e com dezenas de balões cada um mais lindo que o outro.

Era um silencio... Nunca vi tanto silencio nem no teatro quando vou apresentar algum espetáculo.

Depois fiquei sabendo que era para não chamar a atenção dos moradores, senão chamam a policia e adeus balões.

Confesso que fiquei maravilhada de ver aqueles balões imensos e coloridos começarem a serem inflados com o gás.

O nosso também...sim agora eu já estava apressada para ver o nosso ser inflado e torcia para ser o mais bonito. Senti-me no palco, eram tantos flashes de câmeras fotografando. Que lindooooo!

Só estava detestando aqueles pernilongo que picavam sem piedade. Acho que não gostavam de baloeiros.

Mas já estava me programando para na próxima vez trazer um repelente. Na próxima???

Bem, amei quando o nosso balão estava com centenas de gaiolinhas coloridinhas e todos aplaudiram. Realmente...era o maior e mais lindo. Uns baloeiros até choraram de emoção.

Dia clareando, uns seguravam com cordas fortemente o balão que queria seguir viagem.

De repente quando foi dado o sinal para soltar... as pessoas ficaram serias imóveis e eu nada entendia. O que estava acontecendo? Passaram alguns longos segundo para começar uma correria danada.

Todos correndo de um lado para outro e gritavam

Corram, corram...protejam-se corrammmmmm. Eu e minha filha sem nada entender ficamos paradas, as pessoas quase nos derrubaram um cara que tinha o rosto deformado, era um dos amigos do Marcelo gritou. Corre Thaíssssss, corre dona Bethhhhhh.

Eu coloquei minha filha na frente e sai em desabalada carreira. So que começou uma explosão demoníaca, um barulho, fumaça, uns negócios parecendo flechas em toda direção.

Não dava para enxergar nada. Tudo aquilo explodindo e só gritaria corre, correeeee.

No meio daquela fumaça eu preocupada com minha filha vi algo parecido com uma caixa.

Minha filha estava tão doida que queria subir em um barranco e escorregava os pés.

Não sei porque ela queria subir no barranco. Tinha passagem pelos dois lados e ela queria subir no barranco.

No meio da fumaça eu a puxei e enfiei naquela caixa

Eu fiquei na frente para nenhum estilhaço machucá-la.

Quando a fumaça foi cessando todos preocupados uns com os outros. Um ajudava o outro levantar meu genro com os olhos esbugalhados aproximou-se e perguntou pela Thaís.

Eu sentindo-me uma heroína disse que estava a salvo, eu a salvei. Sai da frente da caída e minha filha coberta de fuligem saiu de lá. Sã e salva graças a mamãe.

Foi quando percebi o olhar de horror das pessoas e começaram a correr novamente.

Marcelo pegou em meu braço e no da Thaís e começou a correr nos puxando.

Senti algo nos arder as costas e a explosão muito forte.

Nada sofremos mas estávamos cobertos de pó preto, só dava para ver os olhos. Os de Marcelo já nem eram tão azuis, eram vermelhos e azuis lagrimejantes...

Depois novamente o silencio e foi explicado para mim o que aconteceu.

Eu havia colocado a Thaís dentro de uma gaiola que estava começando a explodir quando ela saiu de dentro.

Saímos de lá correndo já que a policia estava chegando.

O dia havia clareado e paramos em uma padaria para tomar café. As pessoas nos olhavam assustadas estávamos com as roupas rasgadas e tinha um amigo do Marcelo, aquele do rosto destruído que não parava de chorar.

Depois fiquei sabendo que ele estava um dia preparando as gaiolas na casa dele e tudo começou a explodir, sorte ele estava só.

Mesmo assim ele não havia abandonado os balões. E estava chorando de emoção por nada mais grave ter acontecido com todos os baloeiros aquele dia.

Moral da história...nunca mais ninguém quis falar de balões em casa.

Marcelo continua a admirá-los ele na varanda vendo os balões no céu.

Eu até hoje não me conformo de ter protegido a Thaís na gaiola. Como aqui em caso toda tragédia sempre tiramos alguma comédia, ainda rimos do acontecido.

PS: NÃO SOLTEM BALÕES. E O QUE ACONTECEU COM O NOSSO BALÃO FOI QUE ELE FICOU PRESO EM UMA ARVORE DANDO TEMPO DO FOGO CHEGAR NAS GAIOLAS ANTES DESSE SUBIR.

COITADO DO AMIGO TOSTADO DO MARCELO. EM MEU CASO JAMAIS PARTICIPAREI DE TAL EVENTO.

ELISABETHDOVITAL
Enviado por ELISABETHDOVITAL em 28/09/2009
Reeditado em 28/09/2009
Código do texto: T1836095
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