Paixão

A travessia Rio - Niterói feita pela antiga barca mostra um panorama deslumbrante.

É vista a entrada da barra da Baía da Guanabara, o contorno da Serra do Mar, as águas ainda sujas, mas já proporcionando a volta dos botos, que nas suas evoluções, sempre encantaram os que fazem a travessia.

Um homem, taciturno, parecia envolto na leitura do jornal aberto. Seus pensamentos estavam longe. A nova colega de trabalho, moça de seus vinte e oito anos, não lhe saía da cabeça. Seus cabelos curtos, muito bem cortados, sua roupa discreta e elegante, chamando a atenção para um copo bem moldado, melhor dizendo, esculturamente talhado, não lhe saiam da cabeça.

Era sexta-feira, e ele só retornaria a ver sua nova paixão dois dias depois.

Sonhou. Sonhou com todo apaixonado. A face perfeita, o corpo muito bem moldado, onde poderia ver-se o trabalho na academia de ginástica, pintura discreta, era a mulher apaixonante.

Tinha uma companheira, agora inexpressiva. Três anos de convivência amorosos intensa, agora ameaçados pela estranha presença. É comum isso.

Não era um experimentado com este tipo de conquista, que iniciou mal.

Na sua mente, só pensava em vê-la o mais breve possível. Sonhava com o rosto lindo, a pele parecendo com a dum bebê, as pernas maravilhosas. Não deu ouvidos a Zélia, uma colega e amiga de anos. “Cuidado com esta! É carreirista”.

O jornal continua aberto, sem ser lido. A paisagem maravilhosa permanece.

O que não sabe, desconhece completamente, é que sua apaixonada passa em lugares distintos, como Búzios, Angra e hotéis de alto luxo, no Rio de Janeiro mesmo, está em companhia do seu superior, do qual ele é assistente.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 27/09/2009
Código do texto: T1834396
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