Casos Verídicos
Depois de ser aprendiz de sapateiro, de barbeiro e de alfaiate, tudo isto entre meus 9 e 10 anos de idade, vendo que não tinha queda para esses ofícios, eu mesmo arrumei serviço em um bar, na Rua 13 de maio, esquina com Saldanha Marinho, em Campinas.
E para mim, que sou um ótimo observador e um ouvinte apurado o nosso bar era bom para um garoto com seus 11 anos e meio, que só ia trabalhar depois do almoço, visto estar no último ano do primário.
Em 1946 comecei a trabalhar o dia todo, pois tinha tirado o diploma no Quinto Grupo Escolar. E no bar se ouvia de tudo. Certa vez o Reinaldo, um motorista de caminhão, freqüentador da casa, e que gostava de uma pinguinha, mas sem fazer excesso, foi abordado por um casal que desejava ir a uma determinada loja. Pelo jeito era um casal de americanos, e o Reinaldo ensinou-lhes onde ficava a tal loja.
Então o senhor perguntou ao nosso amigo se ele falava inglês.
O Reinaldo, muito calmo, respondeu:
- Não falo nada. Mas depois de uns três aperitivos falo grego, inglês, italiano e espanhol.
O casal agradeceu e foi embora, sem entender muito o que o Reinaldo dissera.