DIVAGAÇÕES NADA MAIS...
Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer... dormir...
(...)
(Hamlet – Shakespeare)
É dito que a visão das coisas varia de acordo com o lugar de onde se olha. Daí as distâncias planas e os mirantes elevados conseguirem efeitos maiores na amplitude e no realce de suas possíveis belezas. Mas ai eu indago: será que isto funciona com relação às pessoas? Será que na distância as imaginamos e por vezes colocamos nelas a realização de sonhos e desejos somente porque não vemos seus contornos mais simples ou defeituosos que a distância nesses casos muitas vezes esconde e apaga?
Ah, o amor... por vezes nos leva à fonte do sofrimento... Sei não... mas lembrando o Inferno de Dante, quem nesta vida não gostaria de um Virgilio, para segurar na nossa mão e nos livrar de tantos riscos e perigos até chegar à presença de “Beatriz”, não a “Beatriz” do desprezo, do desamor, não a “Beatriz” que arrebente o nosso coração de dor, mas a “Beatriz” de sentimentos recíprocos.
Divagações, nada mais... não passo de uma “triste figura”, que faz do livro a sua lança; da rede o seu cavalo; da sua imaginação os caminhos a percorrer, pelejando contra os moinhos de vento que encontra pela frente.
(reflexões feitas estribadas no pensamento de Mendes Melo contido na “Presença De Autores E Livros)