Pavão misterioso

Alguém aqui da vizinhança tem umas galinhas de angola e um pavão que não só andam soltos pela rua, como entram na casa dos outros pulando a cerca. Quer dizer, voando.

As galinhas costumam ciscar no meu jardim, e da primeira vez que vieram os cachorros correram atrás delas, que foram ligeiro parar empoleiradas numa árvore. Ficou até gozado elas lá em cima, se fingindo de flores. Depois os cães se acostumaram e agora nem ligam. Elas entram e saem ao bel prazer. A não ser um dia em que um deles não se aguentou e crau! Eu só vi, quando voltei da rua, penas cinzentas com bolinhas brancas esparramadas pelo chão...

Outro dia, no finalzinho da tarde, conversando com uma amiga, nós duas sentadas no terraço, começamos a ouvir uns gritos esquisitos. Eram fortes e vinham do sobrado ao lado que naquela hora não devia ter ninguém, pois está em reforma. Olhamos para todo canto e não vimos nada. Até que localizamos, lá em cima do telhado, um vulto enorme, negro, contra o sol poente. Gritava, abria e fechava a cauda.

Era ele, o pavão orgulhoso, chamando a atenção!

Todos as tardes ele tem repetido a mesma cena. Pena que a estas horas não posso ver o colorido de suas penas.