Crônica Inocente... das metamorfoses do espírito
Na segunda quinzena de setembro o sol rebordou os campos, terrenos baldios dentro do perímetro urbano foram tombados como patrimônio de aves, sapos, grilos e sementes de toda espécie, ancoradouro de pássaros migrantes.Não acreditem em tudo que vou contar, porém se crêem que a imaginação produz realidade convido-os a seguir adiante. Nos estacionamentos viam-se bicicletas com cestinhas e muitas meninas portando sacolas ecológicas de tecido reaproveitado.
Um gigante cor de brisa engoliu o shopping center, cuspiu um parque de diversões à moda antiga. Um carrossel movido à energia eólica divertia a garotada que das classes escolares haviam sido dispensados, afinal após o rigoroso inverno , aproveitar manhãs ensolaradas era o maior aprendizado. Risinhos como sinos ecoavam nas calçadas, buzinas foram silenciadas.
O bom humor reinava junto ao algodão doce... Pipoca colorida numa carrocinha antiga alegrava senhoras que portavam chapéus com laços feito arco-íris ... Uma gravata e alguns ternos forravam a sala dos anteriormente desabrigados, que hora trabalham de guia turísticos à nova cidade . Uma quadra de esportes surgiu do nada, bem naquele lugar horrível onde depositavam lixo à revelia. O Prefeito correu em defesa do parque aquático.Executivos, viciados em trabalho, esqueceram a hora e divertiram-se como na infância ao admirar as pombas no telhado.Inocência em dose homeopáticas foi distribuída à população gratuitamente e sem imposição...A banda tocou no viaduto a cada treze horas.
Pedestres ganharam grande privilégio.À jornada de trabalho foi incrementada, sessões de leitura, instrução e oficinas de criatividade, para quem assim quisesse...Um banqueiro visitou o presídio, ofereceu auxílio, pediu indulto aos ladrões de galinha e, ainda levou aquele gigante , o de cor de brisa , para fazer uma limpezanas galerias, alicerces da alta sociedade...Juizes ligeiramente, colocaram ordem nos papéis; dizem que foram soprados pela justiça divina...
E por aí foi se gastando a vida , com sorvete de baunilha, Palhaços e Poetas à céu aberto, gangorra, balanços de suspiros...de alívio e, de tão aliviado o guri que o pai pressionava para ser financista, filho do tal banqueiro, foi visto levitando junto ao por de sol...Tinha sonho de ser educador ambiental, músico ou marinheiro, me parece...
Ao confrontar o dragão aos leões a única alternativa cederam, assim a metamorfose se fez...
Então nestes dias burocracia perdeu valor, uma confiança e gente honesta brotou nos caules dos Lírios amarelos. Ganhara-se bastante saúde e ousadia porque a primavera assim pedia...
Bons dias de criança para vocês também !
Em verdade, não deve haver mais nenhum 'Eu quero'!" O leão não conseguirá criar novos valores, mas apenas liberdade para a nova criação. O começar de novo e a capacidade de criação somente será possível com sua transformação do leão em criança. - Nietzsche das metamorfoses do Espírito – Zaratustra
publicado no blog Discutindo Literatura, no Contemporaneas
e na AVBL