VIDA DE ATRIZ

VIDA DE ATRIZ

As pessoas pensam que é um mar de rosas, perdoem eles Pai... Não sabem o que falam.

Precisei por um tempo substituir uma atriz do meu grupo de teatro.

Fundei em 1990 a Oficina de Teatro do Grupo Vital.

A atriz afastou-se por motivo pessoal e lá foi eu de alegre, afinal tinha umas vinte apresentações a fazer e eu que escrevi o texto, dirigi, fiz cenário, figurino, e tudo mais. Uma verdadeira Severina, não poderia deixar desfalcada minha peça.

O titulo é Nossa Língua, uma comédia de que muito me orgulho. Filó a protagonista da peça, é meu xodó, e ela mesmo que teria que cobrir.

Uma senhora gordérrima com bobs na cabeça, um baton vermelho horrendo e um figurino super quente.

Jamais pensei em vestir um personagem meu... foi no mínimo estranho.

Sem falsa modéstia, a apresentação foi um sucesso e depois dessa vieram centenas de outras. Nem pude cogitar a idéia de largar a Filó, meu grupo não permitiu e até que eu estava curtindo.

A única coisa que até hoje não suporto, é o assedio das pessoas, quando termina a apresentação, estou com o figurino ensopado de suor e o que eu mais quero é entrar camarim adentro, entrar no banho com roupa e tudo depois um vinho, sonho com isso ao término do espetáculo...é pedir muito?

Mas isso nunca acontece, sempre tem umas pessoas que querem falar, ou pedir autógrafo.

Detesto dar autógrafo e só dou quando a pessoa me dá o dela. Não gosto de ser endeusada, não vejo motivos para isso. Claro que adoro ser aplaudida por meu trabalho. Só não entendo o por que do autógrafo.

Sempre saio correndo, e quase nunca me pegam, só depois do banho conseguem me ver, mas aí ninguém me conhece. Perguntam pela Filó e eu falo que já foi rssss.

Um dia eu fui apresentar e não via a hora de terminar, queria terminar um texto que estava escrevendo.

Nesse dia foram várias escolas ao teatro. Estava lotado! Que legal... Fiquei feliz e depois mais ainda com a reação do publico. Adoro quando a platéia entende e interage com os atores.

Quando terminei deixei o grupo recebendo os aplausos e de fininho retirei-me... ou melhor...Tentei. Tinha uns cinqüenta pentelhos com papel na mão e foram logo pedindo autógrafo.

Perguntavam coisas, falavam que nunca riram tanto, se eu poderia apresentar na escola deles... e o suor escorrendo. Eu me sentindo grudando, a maquiagem derretendo e de repente... tive um colapso nervoso.

Comecei a falar como a personagem e fui pra cima da rapaziada!

Aaaa seus fio di uma rapariga veia! Oceis sai tudinhu di perto di eu sinão vô virá u cabruncu aqui memo. Óia u tamanhu da saia dessazinha aí? Pareci inté uma biscati...i ôce mininu? Di brinquinhu... devi di ce um viadinhu...

O pior foi que os miseráveis gostaram e saíram correndo atrás de mim. Passei para o palco novamente, de lá pulei para a platéia e eles atrás. Meus atores não estavam entendendo nada e os pestes gritavam!

- Vem velha Filó, vem nos pegar. Quase morri de tanto correr. Tive a idéia de esconder-me nas cortinas e quando a boiada correu também...Enrolei eles na mesma e corri para o camarim. Tranquei-me até ouvir uma vós conhecida de uma atriz falando.

-pode sair Beth. O pessoal da organização retirou todos.

DE LÁ PRA CÁ. DOU AUTÓGRAFO ATÉ PARA QUEM NÃO PEDE... PARA GARANTIR NÃO É MESMO?

ASSIM QUANDO VOU PARA O BANHO, POSSO DESCANSAR SEM PLATÉIA.

MAS... SE NÃO FOSSEM ELES, QUEM IRIA NOS PRESTIGIA

NAO VEJO A HORA DA MINHA ATRIZ VOLTAR, QUERO SOMENTE DIRIGIR, ESCREVER...AI AI...

ELISABETHDOVITAL
Enviado por ELISABETHDOVITAL em 25/09/2009
Código do texto: T1831111
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