Restô U

Assim eram chamados os restaurantes universitários espalhados pela cidade de Paris. De vez em quando íamos ao International, no Quartier Latin, mas no dia-a-dia freqüentávamos um dos três instalados na Cidade Universitária, onde morávamos. O meu preferido era o Sul, que ficava num prédio isolado, no meio do jardim. O local era espaçoso, com mesas comunitárias para oito ou dez pessoas. Através das paredes envidraçadas, lá dentro nos sentíamos integrados à paisagem.

Geralmente íamos em grupo de brasileiros e mesmo que sozinhos, nos juntávamos a outros estudantes estrangeiros. Conversas rolavam e piadas sobre a comida sempre apimentavam. Não digo que ela fosse ruim, mas maravilhosa também na era. Pudera!

E como tudo relacionado à gastronomia na França costuma ser sofisticado, esses restaurantes não deixavam por menos. Embora não passassem de meros bandejões, tinham lá seus chiquês. Enquanto esperávamos na fila para entrar, podíamos ler o cardápio - impresso e caprichado - exatamente como manda o figurino gaulês: entrada, prato principal, acompanhamento, sobremesa e bebidas. A gente dava risada, porque pegávamos tudo de uma vez. A única diferença é que a entrada vinha num pratinho menor e tanto podia ser consumida antes como depois do principal. A nomenclatura dos pratos também era de dar água na boca, que logo se desfazia perante a realidade nua, às vezes até meio crua.

De vez em quando tinha épinard à la crème, o creme de espinafre que eu comia com satisfação. Até o dia em que meu marido me chamou a atenção. Sempre que ele aparecia, o gramado lá fora estava podadinho! Em vez de épinard, devia se chamar pelouse, ou seja grama à la crème. Já pensou?

Se bem que pastar em Paris seja melhor do que em outras pastagens... digo, paragens...