Quem foi? EC

- Ninguém sai da sala, um de vocês é o culpado.

Estavam todos reunidos, assistindo à televisão. Mãe, filho, filha, avô (como sempre dormindo) e o pai, com um ar à Sherlock Holmes, procurando o culpado daquele crime. Na verdade, crime era uma hipérbole na visão dos outros.

- Quem mexeu na minha caneta, que estava na mesa da cozinha.

- Que caneta pai?

- A azul com o tubo branco, uma tampa para colocá-la na roupa de cor azul com os dizeres BIC. Estava ali mesmo, há três minutos atrás.

- Ninguém viu!

A mente do pai trabalhava para ver quem poderia ter pegado a caneta. Rita, sua esposa, estava penetrada no programa de domingo na televisão. Ou talvez estivesse apenas fingindo, querendo mostrar que não sabe de nada.

O filho estava se mexendo demais no sofá, deve estar sentindo a culpa o corroendo. Cedo ou tarde ele contará.

A menina não tirava a mão do cabelo. Sinal de quê está impaciente. E o avô, dormindo como sempre. Ou estaria acordado, com toda certeza ninguém desconfiaria dele.

Enfim, para o pai, cada um tinha um motivo. Rita precisava de uma caneta para anotar a receita, Lívia para anotar o telefone do menino novo do apartamento da frente, Rodrigo precisaria para escrever nas carteiras da escola, e o avô... bem, o avô a usaria para coçar a orelha.

- Vou perguntar somente mais uma vez, quem mexeu na minha caneta?

Ninguém respondeu.

- Rita?

- Quê?

- A caneta, me dê!

- Eu não tenho caneta nenhuma.

- Lívia, me...

- Não vem que não tem!

- Digo, a cane...

- saca só, eu não uso nem no colégio.

- Seu Adro...

- Acha que o meu pai pegou, Aurélio, faça-me o favor, aí já é demais!

Sim, achar que o velho tinha pegado a caneta era demais. Aurélio voltou para a cozinha, procurou em outras gavetas até encontrar uma caneta muito velha.

- Blah, não é BIC.

A noite, quando todos foram se deitar, o avô tira do bolso um tubo transparente com a tampa azul, senta na cama, enfia-o na orelha e sente a cera do ouvido vindo e vindo...

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Quem Mexeu no Meu...

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Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 25/09/2009
Reeditado em 25/09/2009
Código do texto: T1830007
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