Há tempos não entrava em um motel, estava acomodada com a vidinha morna e sem sal. Senti uma ponta de receio e a insegurança típica do primeiro encontro. Como deveria me comportar?  Queria muito que desse certo, mas toda  a carga e expectativa me sufocavam. 

       Entrei no carro, senti o cheiro do perfume que ele usava, trocamos um carinho e decidimos ir em frente.

     Senti o doce da boca macia em um beijo recém colhido  que eu não lembrava mais. No toque suave, nossas peles e gostos encaixaram-se perfeitamente. O carinho essencial, abrandou pudores e, aos poucos, nos encontramos. Foi bom. Mas o fato de ter tido um sexo gostoso, não foi o mais importante. 

     ‘’ Naquele quarto, cercada de espelhos... Enxerguei minha essência em sua totalidade.’’  

     Confesso que os relacionamentos anteriores caminhavam de mal a pior. Meus valores foram caindo tanto... O tempo pesa muito para a mulher.  Aceitamos que pessoas entrem em nossas vidas e façam dela, terra de ninguém. Lidamos com carência, preconceito, medo e solidão. Mas não é verdade que seja preciso, aceitar tudo para ter companhia e amizade. Seria injusto com tudo que somos e representamos. 

     Sou uma mulher doce e romântica, que gosta de namorar de mãos dadas. De abraços e beijos sem pressa alguma. Com a desculpa da idade,  relacionamentos que nada tinham a ver comigo, ocuparam a lacuna. Tempo perdido e a certeza absoluta, que poderia estar bem melhor sozinha. Honestamente, agora não compreendo os amores errados e as paixões doentias. Mas elas estavam lá... E foram vividas intensamente. 

     Minha emoção foi sumindo por baixo da complacência muda. E ao invés da auto-estima aumentar por ter alguém ao meu lado,  sentia-me acuada. Foi a época em que fiquei feia, apagada e distante.  As pessoas não percebiam que eu morria aos pouquinhos. Enxergavam apenas a superfície enquanto eu  desmoronava na mais completa amargura. Solidão. 

‘’Olhando para trás, vejo o quanto cedi, anulei e perdi. Mas tudo bem... Acordei a tempo de me amar novamente.’’  

     Tarde morna de verão, entre lençóis brancos, perdida em abraços e beijos... Ousei ir além das carícias. Vi estrelas no teto espelhado e nelas uma nova imagem. Não uma submissa e agradecida senhora, muito menos a garotinha crédula da adolescência. A carente então... Nem existia mais... Jazia sob camadas e camadas de afeição genuína.

     Surgia uma mulher madura e realista. Consciente dos erros e acertos, porque é assim que tem que ser.  É desta forma que é preciso encarar a vida, o mundo e os relacionamentos. De cabeça erguida, convicta que a felicidade é um direito, não uma concessão. 

     Quanto à minha primeira vez, com o novo namorado... Só posso afirmar que por mim, virão muitas e muitas outras... Foi simplesmente delicioso. Mas vai depender dele repartir as mesmas aspirações e anseios. Porque, desta vez, quero um companheiro, parceiro e amigo. Um homem de verdade para uma mulher verdadeira. Em sua melhor forma.   



Revisão: Lucia Czer Gonçalves

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 24/09/2009
Reeditado em 11/12/2009
Código do texto: T1829550
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