CONTOS E LENDAS DE TIA BETA
 
 

Quando garoto, ao ir à escola municipal, fazia sempre um percurso pelas redondezas, e ao passar por umas das tantas escolas, encontramos uma senhora que alegremente se direcionava a nós, e que tamanha era a alegria estampada em seus olhos.
 
 Era porque não uma senhora muito alegre, e que gostava de contar causos em suas horas vagas, uma senhora, morena, baixinha, e por sinal uma simpatia em pessoa. Ela perguntou a minha mãe o meu nome e também disse que me achava muito bonito.
 
Eu e minha mãe ficamos por algum tempo ao seu lado, numa boa prosa, e assim por um bom tempo. Depois agradecemos por tudo e ao nos despedirmos, antes de voltar pro nosso caminho, essa senhora dissera para minha mãe que quando possível voltássemos à escola onde ela trabalhava e me matriculasse naquela escola ande a mesma ensinava para fazer o ensino médio.
 
Pois certamente eu seria um dos tantos alunos dela naquela cidade que tanto gostava de ler e sabia que eu começava a engatinhar na poesia, que certamente era de muito gosto e que eu viesse participar do Clube da Poesia, Chá com Bolachinha.
 
Fiquei contente e mais contente quando a minha mãe dissera que ela era a tia Beta, e que por muito gostava deescrever seus versos e de contar historias de princesas e rainhas, de reis e plebeus, historias que às vezes ela lia em livros e assistia no cinema,  filmes onde os mocinhos usavam capa e espada, e que naquela época não era só o zorro, tinham outros mais.
 
Mas o melhor de tudo era quando a mesma contava suas proprias historias, e essas pareciam serem contos de fadas. Tia Beta, como por todos era chamada não encontrava nenhuma dificuldade para realizar qualquer trabalho e enquanto fazia contava com as mocinhas para ajudá-las com algumas falas, até fiz a voz do gato de botas e outra de lobo mau, não me importando qual fosse à história a ser interpretada.
 
Fazia sempre questão de chamar todos pelo nome e sempre era aquela mulher que demonstrava coragem em quaisquer que fosse feito tal indagação, enquanto explicava tudo em detalhes.
 
Quando certa vez ela nos contou que ela vinha num ônibus destes que faz trajetos de uma cidade pra outra , quando alguém logo entrou no veículo e foi logo dando aquele espetáculo, fazendo um barulho dos diabos, com um apito , e na outra mão a bandeira nacional, coisa que a mesma, nem mesmo se preocupou, enquanto tão logo a louca disse se chamar Isabel, e que de fato fora mulher de um governador e depois de um coronel.
 
Tia Beta nos falou daquela mulher, da Vassoura, o apelido desta mulher, e de certo homem que vivia perambulando pela rua sem saber ao certo onde o mesmo naquele instante poderia estar. Esse homem também tinha problemas mentais e vivia por suposto na casa de Tia Nazinha, outra boa senhora, bem quista por tantos que a sua casa chegasse. Também de Japão da Loira, que por ser um senhor de andar sozinho, ter uma voz grave que até lembrava ser a voz de um trovão, diziam que o pobre desse homem era um papa – fígado, homem que aterrorizava crianças desobedientes e que não queriam saber de estudar.
 
Os contos e Lendas de Tia Beta; eram realmente fascinantes e tinham sempre um ar de quero mais , quando ela cheia de bossa contava-nos historias às vezes tristes, às vezes de tamanha alegria de uma maneira tão perfeita que parecia estar interpretando de verdade, personagens de antigos carnavais.