Os sonhos não se perdem em botões...
Águida Hettwer
Entretida entre prateleiras do supermercado, fiscalizando prazos de validades de alimentos, anotando preços para comparações, na lista enorme de cobranças do dia a dia. Ralhando atenção dos dois filhos, que brincam e brigam entre os corredores amontoados de gente.
Esbarrando no ombro do acaso, desculpa-se como se tivesse premeditado um crime. Vira-se e nem acredita no que vê. Amiga dos tempos do colegial, da qual trocavam confissões, roupas e acessórios. Não se viam a mais de vinte anos, desde que o pai militar, foi transferido para Brasília.
Eram tantas as perguntas que lhe rodeavam a mente, na pressa de compartilhar, que um abraço lhe foi suficiente. Pensou, e não se conteve em dizer, de como Sônia, continuava exuberante. Ela, não se apossando de nenhum queixume, contou-lhe que havia trabalhado por muitos anos em uma companhia de exportação de açúcar e hoje tem sua própria empresa.
E você! Como vai amiga?
Ana, num riso que já não lhe pertence responde;
-Vou levando a vida!
O silêncio tomou conta do lugar, apenas segurando uma mão da outra, como se revelassem segredos. Despediram-se, anotando números de telefones para novos contatos. Ana sabia que seus sonhos se perderam com os botões das camisas, e o ferro de passar alisou demais o plissar, atribuído a sua mania de limpeza.
Esquecendo-se que a felicidade não mora dentro do açucareiro. E nem se isola em caixas dos brinquedos das crianças. A felicidade repara a cor tingida dos cabelos, o desenho das flores das unhas feitas. Deixa rastros de perfume por onde passa.
Cultua uma boa aparência, nem se abala no excesso de peso. Não se apega nos detalhes. Estimula o que se tem melhor e de concreto. A felicidade, não enterra os sonhos, nos sonhos alheios. Vive para a família, mas em primeiro lugar sobrevive por si só. Se agigante para enfrentar seus medos.
Tem a ousadia no olhar, de acreditar que ainda é cedo, para concretizar planos, exercer novos cargos, concluir a colação de grau. E parar de agir, como uma “coitada”. Como se a vida, não lhe retribuísse em nada.
A felicidade não depende do cargo exercido, e sim da eficiência de como se vive.
24.09.2009
Águida Hettwer
Entretida entre prateleiras do supermercado, fiscalizando prazos de validades de alimentos, anotando preços para comparações, na lista enorme de cobranças do dia a dia. Ralhando atenção dos dois filhos, que brincam e brigam entre os corredores amontoados de gente.
Esbarrando no ombro do acaso, desculpa-se como se tivesse premeditado um crime. Vira-se e nem acredita no que vê. Amiga dos tempos do colegial, da qual trocavam confissões, roupas e acessórios. Não se viam a mais de vinte anos, desde que o pai militar, foi transferido para Brasília.
Eram tantas as perguntas que lhe rodeavam a mente, na pressa de compartilhar, que um abraço lhe foi suficiente. Pensou, e não se conteve em dizer, de como Sônia, continuava exuberante. Ela, não se apossando de nenhum queixume, contou-lhe que havia trabalhado por muitos anos em uma companhia de exportação de açúcar e hoje tem sua própria empresa.
E você! Como vai amiga?
Ana, num riso que já não lhe pertence responde;
-Vou levando a vida!
O silêncio tomou conta do lugar, apenas segurando uma mão da outra, como se revelassem segredos. Despediram-se, anotando números de telefones para novos contatos. Ana sabia que seus sonhos se perderam com os botões das camisas, e o ferro de passar alisou demais o plissar, atribuído a sua mania de limpeza.
Esquecendo-se que a felicidade não mora dentro do açucareiro. E nem se isola em caixas dos brinquedos das crianças. A felicidade repara a cor tingida dos cabelos, o desenho das flores das unhas feitas. Deixa rastros de perfume por onde passa.
Cultua uma boa aparência, nem se abala no excesso de peso. Não se apega nos detalhes. Estimula o que se tem melhor e de concreto. A felicidade, não enterra os sonhos, nos sonhos alheios. Vive para a família, mas em primeiro lugar sobrevive por si só. Se agigante para enfrentar seus medos.
Tem a ousadia no olhar, de acreditar que ainda é cedo, para concretizar planos, exercer novos cargos, concluir a colação de grau. E parar de agir, como uma “coitada”. Como se a vida, não lhe retribuísse em nada.
A felicidade não depende do cargo exercido, e sim da eficiência de como se vive.
24.09.2009