Uma crônica para você ler

Pode ser que você não leia, pois talvez você não creia que esta crônica é exclusiva para você. Mas é sim. Vai tomar cinco minutos do seu tempo, se você não parar antes do fim. Estava pensando em você quando comecei, penso em você enquanto vou rabiscando, e no final é em você que continuarei pensando.

Penso em você que conheço bem, em você que nunca vi; em você com quem tanto reparti, em você que gostaria de conhecer. Em você, real ou fictício, vizinho ou longínquo, prazer ou ofício. Em você, tão gente, tão igual e tão diferente. Penso em você, colega virtual, amigo real, existência distante, presença constante; com quem falo ao telefone ou de quem nem sei o nome. Você, homem, mulher, jovem, maduro, idoso. Simples ou pomposo. Penso em quantas coisas você já viveu e quantas ainda vai (aliás, nós vamos!). Em quanto somos desconhecidos e em quanto nos amamos. Você que muito sofreu, você que nada entendeu, você que tem um dilema e você que é o próprio problema! Penso nos seus cabelos ralos, brancos, encorpados, escuros, lisos, cacheados. Em você que não gosta de ir ao cinema sozinho, em você que adora um cafezinho, você que se levanta antes do sol nascer, você que acorda ao entardecer. Em você, que não vê a hora de pegar a estrada; você, que não sai de casa nem arrastado.

Uma crônica que não diga nada mas diga tudo o que se tem a dizer a você, que não me conhece mas me lê; que é vegetariano ou adora um churrasco, que é italiano ou basco. Que é saudável, doente; que está deprimido, que está contente. Que ama cachorro ou gato, ou que prefere companhia humana. Você, que chegou há uma semana, você que está aqui há anos. Você que está nos meus planos, você que pode vir a estar. Você, que ama escrever. Você, que adora ler.

Esta crônica nada diz, mas acontece que sou uma aprendiz. Estou aprendendo a escrever, e vou continuar aprendendo até morrer. E até morrer continuarei aprendendo também a viver! Com a sua ajuda, leitor conhecido ou desconhecido - humana matéria - imaginando seus olhos percorrendo estas linhas e formando uma idéia, ou desprezando o texto antes de chegar ao meio... mas, ainda assim, você veio; de alguma forma tocou meu pensamento, ainda que de longe, com ou sem sentimento. Uma energia flui entre nós, mesmo que não seja sentida – é a energia da própria vida!

Esta crônica é para você, ser humano que me lê.

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O tema desta crônica foi proposto pelo Obed de Faria Jr., em uma conversa telefônica.