SOBRE O RISO – DE 1891 À 2009 O QUE FOI QUE MUDOU?
De repente do RISO fez-se
O pranto
Silencioso e branco como
A bruma
(...)
(Soneto da Separação /Vinicius de Morais)
Bem, pela foto ai de cima, você há de convir, que pareço ser uma pessoa sorridente, de bem com a vida. É, pode ser... Contudo, vamos conhecer o pensamento do grande escritor português Eça de Queiroz, que escreveu no ano de 1891, na Gazeta de Noticias, (Pensamentos/Reflexões) sobre “A Decadência do Riso”, onde explica o porquê. Vejamos:
Primeiro vamos nos situar no tempo: 1891. Textualmente proclama Eça: O riso acabou! Não se faz de rogado e diz o motivo: a humanidade entristeceu. E entristeceu por causa da sua imensa civilização. E prossegue: quanto mais uma sociedade é culta – mais a sua face é triste. Foi a enorme civilização material, a política, a econômica, a social, a literária, a artística que matou o nosso riso. Tanto complicamos a nossa existência social, que a Ação, no meio dela, pelo esforço prodigioso que reclama se tornou uma grande dor. – tanto complicamos a nossa vida moral, para fazer mais consciente, que o pensamento, no meio dela, pela confusão em que debate, se tornou uma dor maior. O homem de ação e de pensamento, hoje, está implacavelmente votado à melancolia.
Ai digo eu, em consonância com o escritor, que a razão dessa melancolia, dessa tristeza do homem de ação e de pensamento, tem a sua razão de ser, encontra-se no mundo, que é a sua obra e que só pode mostrar tristeza. Tristeza na sua literatura, tristeza na sua sociedade, tristezas nas suas festas. Tristeza dentro de si, tristeza fora de si...
E, finalmente, quando por acaso alguém por profissão tradicional, como os palhaços, ou por contraste, ou pela saudade da antiga alegria e o desejo de ressuscitá-la, procura fazer rir este mundo – só lhe consegue arrancar a tal casquinada curta, áspera, rangente, quase dolorosa, que parece resultar de cócegas feitas nos pés de um doente.
O ano das reflexões de Eça, já foi dito: 1891. Nós estamos no ano de 2009. O que foi que mudou...?
De repente do RISO fez-se
O pranto
Silencioso e branco como
A bruma
(...)
(Soneto da Separação /Vinicius de Morais)
Bem, pela foto ai de cima, você há de convir, que pareço ser uma pessoa sorridente, de bem com a vida. É, pode ser... Contudo, vamos conhecer o pensamento do grande escritor português Eça de Queiroz, que escreveu no ano de 1891, na Gazeta de Noticias, (Pensamentos/Reflexões) sobre “A Decadência do Riso”, onde explica o porquê. Vejamos:
Primeiro vamos nos situar no tempo: 1891. Textualmente proclama Eça: O riso acabou! Não se faz de rogado e diz o motivo: a humanidade entristeceu. E entristeceu por causa da sua imensa civilização. E prossegue: quanto mais uma sociedade é culta – mais a sua face é triste. Foi a enorme civilização material, a política, a econômica, a social, a literária, a artística que matou o nosso riso. Tanto complicamos a nossa existência social, que a Ação, no meio dela, pelo esforço prodigioso que reclama se tornou uma grande dor. – tanto complicamos a nossa vida moral, para fazer mais consciente, que o pensamento, no meio dela, pela confusão em que debate, se tornou uma dor maior. O homem de ação e de pensamento, hoje, está implacavelmente votado à melancolia.
Ai digo eu, em consonância com o escritor, que a razão dessa melancolia, dessa tristeza do homem de ação e de pensamento, tem a sua razão de ser, encontra-se no mundo, que é a sua obra e que só pode mostrar tristeza. Tristeza na sua literatura, tristeza na sua sociedade, tristezas nas suas festas. Tristeza dentro de si, tristeza fora de si...
E, finalmente, quando por acaso alguém por profissão tradicional, como os palhaços, ou por contraste, ou pela saudade da antiga alegria e o desejo de ressuscitá-la, procura fazer rir este mundo – só lhe consegue arrancar a tal casquinada curta, áspera, rangente, quase dolorosa, que parece resultar de cócegas feitas nos pés de um doente.
O ano das reflexões de Eça, já foi dito: 1891. Nós estamos no ano de 2009. O que foi que mudou...?