POESIA DE SARAMAGO
               Só pra matar a saudade, e pela bondade de uma amiga


 
 
Retrato do poeta quando jovem


Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.

Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.



 
E SARAMAGO fala coisas assim:


? E se as histórias para as crianças passarem a ser de leitura obrigatória para os adultos?  
? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?
                                                          José Saramago