Pai sumido
07/05/04
Pai sumido
Gustavoguilherme até o 2º cientifico, hoje ensino médio, era menino exemplar: estudioso, disciplinado, aplicado, organizado e de família bem tradicional. Um príncipe de corpo e de alma que todas as garotas queriam ter por perto.
Saía todas as manhãs como se fosse para a escola e voltava para casa na hora do almoço.
Um semestre passa, os pais não notam que filho mudou de repente: não estuda, não traz boletim escolar, resumindo: não mais se sabe nada sobre o filho, nem sobre o seu futuro promissor, já que só tem um ano para decidir o rumo que vai tomar na via profissional.
Certo dia, o telefone toca, é a Diretora do Instituto, onde, estuda Gustavoguilheme, perguntando se o aluno está doente, quando volta, etc. E a mãe não sabia o quê dizer, já que o filho saía e chegava diariamente no horário escolar.
Quando Gustavoguilherme chega em casa, os pais vão tomar satisfações sobre as faltas escolares. Ele responde qualquer coisa, nada convincente e vai para o quarto.
O tempo passa, o tempo voa e a vida continua a mesma. Sai como se fosse estudar e volta para o almoço. De repente, chega em casa, com uma boa nova: casou-se
e até mostra a certidão de casamento. Os pais desta vez foram bem rígidos, não permitiriam vagabundos sobre o teto deles, que se virassem bem longe dali.
Como não tinham um tostão, foram para casa dos sogros.
Algum tempo depois, nasce o primeiro filho do casal. Os avós paternos viram que o filho progredia: estudava de manhã e trabalhava de noite. O filho voltou o que sempre foi: um menino de ouro. E ainda tinha tempo de pescar, jogar com o herdeiro. Com isso, os pais paternos resolveram ajudar: compraram uma casinha e arranjaram um emprego ótimo para o filho.
De uma hora para outra, chega em casa cada vez mais tarde. Não tem mais respeito, não tem paciência com a esposa. Cada vez mais ausente com a vida matrimonial.
Chega em casa, dizendo que arranjou emprego e salário ótimos em outra cidade, que iria sozinho e quando estivesse tudo organizado, escreveria mandando buscar o filho e a esposa.
Passa–se um, dois, três, quatro cinco... meses e anos e nada do telegrama. A esposa pensou mil coisas: assalto, seqüestro, assassinato e todo o tipo de violência. Foi a todos os hospitais, delegacias, necrotérios e nada de encontrar o marido dela. Deixou até o retrato do esposo na galeria dos desaparecidos. E nem isso serviu para achá-lo.
Toca o telefone, julgando ser o marido, atende logo, é do necrotério, avisando que tem corpo parecido com o esposo dela. Ela foi identificar, morrendo de medo de ser o esposo, mesmo com as mãos trêmulas, levanta o lençol e para felicidade dela não é o ente querido.
Volta para sua vida doméstica e para o filho que está muito doente por causa do sumiço do pai.
Anos depois, descobre que ele, o fujão teve mil mulheres e mil filhos desde o dia em que se separou dela. E o primogênito que deixou com a promessa de mandar buscar assim que tivesse condição, está internado no colégio de crianças problemáticas.
Adriana Quezado