Meu ridículo é acreditar

‘A responsabilidade de viver é tão pesada quanto uma montanha’. De repente as coisas começam a não dar certo, sem sequer um aviso prévio, e somos submetidos a testes incansáveis de sobrevivência. Nada anda dando certo ultimamente e a minha vontade é de ficar quietinha no meu quarto. Já não tenho mais desculpas para faltar aos meus compromissos e tenho medo de ficar sozinha com meus pensamentos, por hora, negativos. Meus amigos me perguntam o tempo todo por que é que emagreci tanto e cada dia é mais difícil não poder ou não saber responder qual o motivo de ter perdido a fome. Percebo que minha mãe me olha com os olhos cheio de lágrimas, como se quisesse fazer algo que não pode. Nessas horas olho profundamente para as marcas de agulhas nos meus braços e me pergunto quando tudo isso vai acabar. Nunca uma agulhada doeu tanto quanto tem doido estes dias. Não é justo que as outras pessoas sofram por mim. Vejo isso como mais uma coisa que deu errado, afinal, escondo os meus problemas até de mim, mas minha magreza súbita e minha palidez estão visíveis! É por isso que as vezes os sentimentos humanos me parecem sem sentido. Seria mais fácil se não nos apegássemos a nada e a ninguém. E a própria esperança me parece ridícula. Quem quer correr o risco de se decepcionar? A decepção pode ser umas das dores mais insuportáveis. E mesmo assim a gente espera! Isso é ainda mais ridículo!

Sinto vontade de ajudar as pessoas quando não estou incomodada com a felicidade alheia. Mas E SE NADA MAIS DER CERTO? Então não darei vazão à vontade de desistir. Se há tristeza demais nestas palavras, devo dizer que nas horas de lucidez, a esperança ridícula vem e diz que tudo vai passar. Eu que sempre admirei a flor azul. Mesmo sob esse abatimento, não consigo deixar de amá-la. Vou acreditar que coisas boas virão!

Pois é, também sou ridícula.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 23/09/2009
Reeditado em 19/07/2014
Código do texto: T1826435
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