Meu Primeiro Beijo
Ás vezes ainda sinto o bater impulsivo do meu coração, ainda sinto as minhas mãos tremerem, o suor escorrendo minha testa. A minha tal dúvida de onde colocar a mão ou o que fazer. Não sabia por onde começar. Era o meu primeiro beijo.
Tinha exatamente onze anos, era intervalo da aula. Era de costume o meu grupo ficar reunido em uma pequena quina do pátio. Éramos praticamente cinco pessoas. Risos, brincadeiras e aquelas famosas zoações. Eu sempre fui o mais tranquilo do grupo, no entanto, quando começo a caçoar sou impossível. Percebia que uma admirável criatura estava me olhando de maneira inexplicável. Não sei o porquê, o motivo ou a razão. Tentei disfarçar, encurvar o meu olhar para outro lugar, mas era dificílimo. Então! Em meio a alguns segundo ela percorreu todo o pátio, passou pela cantina, atravessou a roda das patricinhas e veio até minha direção. Meu coração batia mais forte, pensava que ele iria explodir como uma bomba-relógio. Eu suava frio, sentia um calor anormal me tomando por dentro que até eu mesmo desconhecia.
Ela parou, olhou em meus olhos e me chamou para uma parte escondida da escola. Conversamos poucas palavras e quando menos esperei, ela me beijou. Fique sem reação alguma. Parecia um robozinho que precisava ser reestruturado, parecia um cubo de gelo.
Realmente não sabia o que fazer. Nunca havia beijado ok, só treinava em casa no espelho, com a laranja, com um pedaço de melancia. Quem nunca fez isso?
Os movimentos ficaram mais aleatórios, no entanto, sentia que não era o que eu sabia fazer de melhor. Então, ela parou de beijar, limpou a boca e em uma única palavra disse “Acho é você nunca beijou na vida”, deu as costas e saiu.
Eu me senti um bicho do outro mundo. Fiquei morrendo de medo de ela contar para todos da escola e eu ser caçoado como “O MENINO QUE NÃO SABIA BEIJAR”. Com o tem fui aprendendo muitas outras coisas e ainda tento aprender, nada é tão complexo assim. Quando beijo, tento não se lembrar da tão e aterrorizante “PRIMEIRA VEZ”. Ninguém reclama e se faz alguma crítica não é na minha frente. Até hoje a vejo na escola, e por ironia do destino, hoje somos grandes amigos. É a vida é uma caixinha de surpresas.