O BOBO DA CORTE

Hoje, na hora do almoço, vi no telejornal uma reportagem que me deu vontade de vomitar.

Um aluno de uma escola pública aqui no Rio Grande do Sul, não lembro agora qual era a cidade, tinha pichado as paredes da instituição que recém haviam sido pintadas.

A diretora contou que foram gastos em torno de cinco mil reais na reforma e o dinheiro havia sido doado pela comunidade. A professora desse aluno, que era a mesma diretora da escola, pois exercia duas funções, ficou indignada com o comportamento do guri e como castigo o fez pintar oito paredes. Que coisa bem feita!

Mas, não sei porque cargas d’águas alguém resolveu filmar o guri mal criado fazendo o serviço. Enquanto pintava as paredes o pequeno palhaço fazia gracinhas, debochando da professora que ficou com raiva e o xingou de bobo da corte.

Não ficou bem claro na reportagem se alguém mostrou o vídeo pra mãe do aluno ou se ele próprio foi queixar-se a ela, mas o fato é que essa senhora ficou furiosa com o comportamento da diretora, fez um escândalo e disse que ia procurar o Conselho Tutelar, alegando que seu filho tinha sido maltratado na escola. E ainda pra piorar o repórter fez uma cara de reprovação quando disse: - A professora chamou o menino de bobo da corte.

Agora perceba o absurdo da situação: em vez dessa mãe ficar aborrecida com o péssimo comportamento do filho e dar um bom puxão de orelhas no guri, ela ficou com raiva da diretora, que há muito custo tentava fazer o trabalho que os pais deveriam fazer em casa, mas não fazem: educar os filhos.

Além disso, por que o repórter, ao dar a notícia, fez cara de reprovação pra professora/diretora? Ah! Ela chamou o guri de bobo da corte. E daí? Por acaso ele vai morrer ou parar no hospital por causa disso? Não, é que o pobrezinho vai ficar traumatizado. Há, há, há, há, há! Faz-me rir.

Tudo bem que as crianças e os adolescentes devem ser protegidos pela família e pela lei. Mas isso já é demais. Superproteção não faz bem a ninguém. Já vi vários casos desse tipo no jornal. Hoje em dia, por qualquer peteleco que um professor dê num aluno, ele toma um processo. A sociedade não tem mais um pingo de respeito pelo trabalho dos profissionais da educação.

No futuro, quando as crianças de hoje crescerem e se tornarem perfeitos marginais ninguém vai poder reclamar, pois elas serão frutos da "magnífica" educação que receberam.

A Alquimista
Enviado por A Alquimista em 23/09/2009
Reeditado em 04/12/2009
Código do texto: T1826047
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