QUEM VÊ CARA... VÊ O QUÊ???
Eu diria que ser virtual já é quase um anonimato, não entendo por que ficar assim escondido atrás de um pesudônimo com um rosto desenhado e um tanto indefinido, em lugar de foto. Naturalmente, existem aqueles homens que ainda escondem a identidade, imagina, aqui na internet, pra ficar enviando mensagens do tipo "sou um felino, amante fogoso, vou te tocar aonde mais desejares" e outras baboseiras do gênero. É de se pensar o quanto devem estar mesmo precisando de um toque de verdade, daqueles de deixar sem fôlego e vendo estrelas em plena tarde e de quão grande deve ser a dificuldade de realizar tal proeza. Mas deixemos de lado os galãs de funerária.
Certa vez, há uns três anos atrás, discutíamos sobre escritores que não mostravam a face e que colocavam, (acho que não o fazem mais), inclusive, fotos de atores de cinema bem conhecidos. Dessa forma estava lá um brasileiro de pouco mais de metro e meio, mirrado, uma penca de filhos, cheio de basófias a me falar de sua ilustre pessoa e eu a olhar, meio incrédula, a cara do... Anthony Hopkins! Até especulou-se que seria fulano ou beltrano, querendo aprontar alguma coisa, mas para a minha estupefação, era mesmo uma figura insignificante que me foi revelada pelas fotos que ele resolveu publicar com jeito de desprezo e uma certa vingança contra nós, fotos em que ele aparecia em lugares e companhias pra mostrar que era "alguém". E sobre gente que não põe a prórpria cara aí na página, penso que todo mundo gosta de ser visto, ter sua presença marcada, lembrada, e se alguém não o faz, deve ser porque não pode mesmo, ou deseja não ser reconhecido. Bastante óbvio isso. E eu não estou interessada nos motivos ou desculpas para tais posturas de alguém estar anônimo, pois não é preciso ser nenhum QI muito acima de oitenta para entender certas fragilidades humanas.
Havia ainda uma moça que usava a foto da Julieta, do filme da década de setenta. Era muito estranho vendo a heroína de Shakespeare com aquelas roupas de donzela medieval, aquele lindo rostinho sofrido a me dizer lá no velho fórum: " Tania, ouviste a última do Rogério? Ele diz que não se casa pra não levar chifre!"
E assim sucediam-se os mais variados astros. Richard Gheere da Paraíba, Che Guevara (sim!!!) de Cachoeiro do Itapemirim, Madonna de Osasco e também alguns poetas dos bons serviam de rosto e marketing para escrevinhadores dos mais rasteiros. Podia-se ver Cecília Meirelles trovando com Carlos Drummond de Andrade e comentando sobre os aniversariantes do mês, enquanto Mário Quintana, direto do Acre, lançava seus arroubos num tópico chamado O Amor é Lindo.
Bem, sem falar na Alma Welt, um rosto quase um esboço de uma mulher que depois se descobriu, era a personagem de um tal pintor Guilherme de Oliveira que pra encerrar a comédia, "assassinou" a dita, deixando o site inteiro em comoção. Mas isso foi antes de a "ditadura" mandar fechar qualquer ponto de reunião de pessoas por aqui. Lembro que naquela tarde em que a notícia apareceu como texto na página da falecida, houve muito agito na parte de assuntos gerais do Fórum e pasmem, um menino de uns dezoito anos insistia que ela não morrera, que isso não era verdade, que ela era sua amiga e ele a amava muito. Pensem nos dados sobre uma escritora que seria filha de um fazendeiro aqui nos pampas do Rio Grande, e cujo irmão possuía uma Ferrari, ouviram bem? Alguém sabe o que custa um carrinho desses? E por que raios isso devia constar do perfil da mesma, foi o que lhe perguntei em mensagem e "ela" tentou me seduzir com palavras de apreço e desconversando.
E minha querida Insanna, habitante da cidade do Rio de Janeiro, que sempre colocava uma parte de seu rosto, ora um olho, ora a boca, um detalhe do perfil e era adorável. Uma escritora de tanta sensibilidade e "boa pena", uma verdadeira "cria" de cidade grande, uma insana tão sutil ...tão lúdica e tão lúcida...
Só pra completar, lembrei de um recantista que usou a foto da drag Rogéria e escreveu: sou homossexual, mas sou muito macho, porque é preciso "tener cullones" pra entrar em um bar aqui em Bagé, no Rio Grande , vestido de senhora chique e pedir um trago no balcão...