O pé de Juá
Atrás da minha casa , há cerca de uns dois quilômetros, ao alcance dos olhos vejo uma montanha. Beleza ímpar, numa majestosa pose de uma rainha sentada num trono, oferecendo aos seus súditos fartura e segurança.
Animais sobem e descem por todo aquele mundão de terra e pedra a procura de pasto verdejante. Essa cena se repete durante e após o inverno. Mas logo vou contemplar uma cena parecida com a que é tão comum na África. Todo aquele verde vai esmaecendo, um dia olho e, aquela montanha se transforma numa mistura de marrom com amarelo. É o verão. Tudo parece tostado, sem vida. É a fase inativa das plantas. Quando a chuva voltar a cair, e a temperatura baixar, novamente tudo vai ser revestido pelo verde brilhoso, harmonioso e convidativo.
Mas lá longe, bem no topo há uma árvore que deixa sua marca. É um frondoso e opulento pé de juá. Vem sol, vento, chuva – ele permanece na sua posição de servir. Servir, como assim? É que enquanto as outras plantas e árvores perdem o viço, parecem em estado de derrota e prostração; o juá mostra-se acolhedor, prestativo, amigo de toda hora e pra toda situação. Posso vê os animais buscando refúgio à sua sombra, abrigados esperando a temperatura acalmar. No final da tarde acolhidos e descansados, descem até ao curral da fazenda onde ali passarão a noite.
Lá está ele. Parece não sentir as mudanças, muito menos o tempo ruim. Esse é o pé de juá, que nos deixa uma lição.