Eu gosto de certezas.
Tu brincas de desvendar os meus segredos, tornando-os confissão para os teus pensamentos na tentativa de entrar nas minhas palavras. E eu aqui, sem nada dizer.
Não disse que seria de brincadeira todo o conto de fada que vivestes no teu imaginário supersticioso de fazer dar certo o que já começou completamente errado.
O corriqueiro de nossas conversas, de bem dizer sobre verdades impostas para nós dois, revelam a condolência que existe em nossas mentiras. É engraçado, todos sabem, menos nós. Nós dois que somos a trama mais perfeita dessa situação pulverizamos nossos corações e reduzimos o mesmo à abastarda resistência de não saber nos darmos com as próprias fraquezas.
É covardia banalizar o ego ao não dizer, embora, esteja completamente dito. Te encontro por aqui quando não quero, quando recordo do delito que cometestes contigo mesmo ao acreditar nesse jogo, tu fugidio, eu mestre de orgulho e interprete da solidão.
Nós entramos num acordo, me propusestes receber desprezo sem que eu realmente quisesse tê-lo, e desvendastes à minha criatura à força habitual que me move 360º. Eu não volto por descuido, nem por promessas, muitos menos pela habilidade que tens em mostrar a eminente bondade dos teus gestos. Eu gosto de certezas, eu prezo por verdades, e ainda que tenha de me dar com fatos, proposições, suposições para construir narrativas, no meu coração não se pode mais titubear.
Desde que descobri os efeitos colaterais da dúvida, eu opto por certezas, e isto têm me feito ser amante de mim mesma, intacta de pontos finais, ciente do que não comove mais.