O papa e a pena de morte
"Não sei por que, quando uma mulher bonita entra todo mundo olha pra mim e não para ela, para ver que cara eu faço".
João XXIII (Numa recepção)
Mais alguns dias, e estarei novamente em Roma. Já disse e repito: me sinto muito bem na Cidade Eterna. Em Roma, pinta sempre aquele clima acolhedor e maternal.
Danuza Leão disse, em um dos seus espirituosos escritos, que Roma "é como uma típica mama italiana que abraça a todos que lá vivem e seus visitantes". É vero!
Gosto de Roma porque lá está o Vaticano, a pomposa morada do sucessor do humilde pescador Simão, para quem ainda não sabe, o único papa judeu.
Gosto de Roma por causa de suas extraordinárias massas que a gente saboreia nas suas Tratorias ouvindo alegres e movimentadas tarantellas e degustando bons vinhos.
Gosto de Roma pela exuberância de sua História repleta de episódios que tanto podem ser verídicos como mentirosos.
História cheia de imperadores extravagantes e surpreendentes; e de papas santos e pecadores, cada qual com o seu curriculum vitae que, nem sempre, é do agrado do Fundador da sua Igreja.
Por tudo isso e mais aquilo, gosto de Roma.
É impossível falar de Roma sem lembrar os ou dos papas. Por isso, às vésperas de voltar à capital italiana, andei relendo alguns livros sobre os nossos queridos Pontífices, e aqui os indico aos meus pacientes leitores.
São eles: Os crimes dos Papas, de Maurice Lachatre;Vida sexual dos Papas, de Nigel Cawthorme; O Livro de Ouro dos Papas, de Paul Johnson, prefaciado por frei Beto; e Basílica de Sã Pedro - Esplendor e escândalo na construção da catedral do Vaticano, de R. A. Scotti.
Esse livros ajudaram-me de certa forma a garatujar esta crônica, a última que devo publicar no meu site, antes de deixar o céu da Bahia e invadir, via Fortaleza, o céu da Europa a bordo de um avião da TAP Air Portugal.
Os papas, d´agora e os papas d´outrora, deixam para a posteridade o que deve marcar e definir o seu pastoreio. Portanto, cada pontífice tem a sua história.
Os papas, de Pio XII para cá, suas histórias ainda permanecem vivas na memória dos católicos e até dos não católicos, grandioso foi o trabalho pastoral de cada um deles à frente da Santa Sé. Assim aconteceu com João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e está acontecendo com o Papa Bento XVI.
Optei por falar um pouco sobre o papa que dirigiu a Igreja de 1585 a 1590.
Refiro-me a frei Felice Pereti, franciscano capuchinho, que assumiu o trono de São Pedro recebendo o nome de Sisto V; que não deve ser confundido com Sisto IV, o papa que deu o nome à belíssima Capela Sistina.
Muito bem. Felice Peretti nasceu muito pobre. Chegou a ser guardador de porcos. Destacou-se, porém, nos estudos e foi reconhecido como um excelente pregador por Inácio de Loyola, o fundador dos Jesuítas.
Seu pontificado durou apenas cinco anos. Terminou com sua morte, em 1590, quando ele tinha 69 anos de idade.
Mas o que o fez surpreendente à frente do Vaticano, dizem os seus biógrafos, foram suas decisões, denunciando um papa severo e sem refinamento; ambicioso, embora de bom senso prático.
O autor de Basílica de São Pedro, livro ao qual já me referi, escrevendo sobre Sisto V, diz que seus "olhos miúdos e argutos, como contas de chumbo, e o nariz adunco como um gavião, conferem a seu rosto uma expressão de predador".
Para se ter idéia do quanto esse pontífice era durão, no dia de sua eleição, quebrando uma longa tradição, ele não concedeu - repito - ele não concedeu o indulto aos presos de Roma!
E foi incisivo no seu primeiro pronunciamento:
"Enquanto eu viver, todo criminoso terá que morrer."
Admitem os historiadores, que durante o seu reinado "houve inúmeras condenações à morte", com a decapitação dos infratores.
Pode agora o leitor constatar - e foi por isso que convidei Sisto V para figurar na minha crônica -, que houve um papa que não era contrário a aplicação da pena de morte.
Imaginem os senhores o que não aconteceria, hoje, no mundo e em particular na querida Itália, se Felice Peretti, o papa Sisto V, de repente reassumisse a cátedra petrina...
Sisto V, apesar de durão, foi chamado de o "Pai de Roma", pelos relevantes serviços urbanisticos que, com seu engenheiro preferido, Domenico Fontana, realizou na capital do cristianismo.
Coube-lhe, também, construir a Biblioteca do Vaticano e a Tipografia da Santa Sé.
Depois de lembrar que houve um Sumo Pontífice que se declarou favorável à pena capital, fico por aqui.
Não prometo, mas minha próxima crônica pode nascer na mesa de um daqueles aconchegantes restaurantes da Piazza Navona ou em um barzinho qualquer da Via Veneto.
"Não sei por que, quando uma mulher bonita entra todo mundo olha pra mim e não para ela, para ver que cara eu faço".
João XXIII (Numa recepção)
Mais alguns dias, e estarei novamente em Roma. Já disse e repito: me sinto muito bem na Cidade Eterna. Em Roma, pinta sempre aquele clima acolhedor e maternal.
Danuza Leão disse, em um dos seus espirituosos escritos, que Roma "é como uma típica mama italiana que abraça a todos que lá vivem e seus visitantes". É vero!
Gosto de Roma porque lá está o Vaticano, a pomposa morada do sucessor do humilde pescador Simão, para quem ainda não sabe, o único papa judeu.
Gosto de Roma por causa de suas extraordinárias massas que a gente saboreia nas suas Tratorias ouvindo alegres e movimentadas tarantellas e degustando bons vinhos.
Gosto de Roma pela exuberância de sua História repleta de episódios que tanto podem ser verídicos como mentirosos.
História cheia de imperadores extravagantes e surpreendentes; e de papas santos e pecadores, cada qual com o seu curriculum vitae que, nem sempre, é do agrado do Fundador da sua Igreja.
Por tudo isso e mais aquilo, gosto de Roma.
É impossível falar de Roma sem lembrar os ou dos papas. Por isso, às vésperas de voltar à capital italiana, andei relendo alguns livros sobre os nossos queridos Pontífices, e aqui os indico aos meus pacientes leitores.
São eles: Os crimes dos Papas, de Maurice Lachatre;Vida sexual dos Papas, de Nigel Cawthorme; O Livro de Ouro dos Papas, de Paul Johnson, prefaciado por frei Beto; e Basílica de Sã Pedro - Esplendor e escândalo na construção da catedral do Vaticano, de R. A. Scotti.
Esse livros ajudaram-me de certa forma a garatujar esta crônica, a última que devo publicar no meu site, antes de deixar o céu da Bahia e invadir, via Fortaleza, o céu da Europa a bordo de um avião da TAP Air Portugal.
Os papas, d´agora e os papas d´outrora, deixam para a posteridade o que deve marcar e definir o seu pastoreio. Portanto, cada pontífice tem a sua história.
Os papas, de Pio XII para cá, suas histórias ainda permanecem vivas na memória dos católicos e até dos não católicos, grandioso foi o trabalho pastoral de cada um deles à frente da Santa Sé. Assim aconteceu com João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e está acontecendo com o Papa Bento XVI.
Optei por falar um pouco sobre o papa que dirigiu a Igreja de 1585 a 1590.
Refiro-me a frei Felice Pereti, franciscano capuchinho, que assumiu o trono de São Pedro recebendo o nome de Sisto V; que não deve ser confundido com Sisto IV, o papa que deu o nome à belíssima Capela Sistina.
Muito bem. Felice Peretti nasceu muito pobre. Chegou a ser guardador de porcos. Destacou-se, porém, nos estudos e foi reconhecido como um excelente pregador por Inácio de Loyola, o fundador dos Jesuítas.
Seu pontificado durou apenas cinco anos. Terminou com sua morte, em 1590, quando ele tinha 69 anos de idade.
Mas o que o fez surpreendente à frente do Vaticano, dizem os seus biógrafos, foram suas decisões, denunciando um papa severo e sem refinamento; ambicioso, embora de bom senso prático.
O autor de Basílica de São Pedro, livro ao qual já me referi, escrevendo sobre Sisto V, diz que seus "olhos miúdos e argutos, como contas de chumbo, e o nariz adunco como um gavião, conferem a seu rosto uma expressão de predador".
Para se ter idéia do quanto esse pontífice era durão, no dia de sua eleição, quebrando uma longa tradição, ele não concedeu - repito - ele não concedeu o indulto aos presos de Roma!
E foi incisivo no seu primeiro pronunciamento:
"Enquanto eu viver, todo criminoso terá que morrer."
Admitem os historiadores, que durante o seu reinado "houve inúmeras condenações à morte", com a decapitação dos infratores.
Pode agora o leitor constatar - e foi por isso que convidei Sisto V para figurar na minha crônica -, que houve um papa que não era contrário a aplicação da pena de morte.
Imaginem os senhores o que não aconteceria, hoje, no mundo e em particular na querida Itália, se Felice Peretti, o papa Sisto V, de repente reassumisse a cátedra petrina...
Sisto V, apesar de durão, foi chamado de o "Pai de Roma", pelos relevantes serviços urbanisticos que, com seu engenheiro preferido, Domenico Fontana, realizou na capital do cristianismo.
Coube-lhe, também, construir a Biblioteca do Vaticano e a Tipografia da Santa Sé.
Depois de lembrar que houve um Sumo Pontífice que se declarou favorável à pena capital, fico por aqui.
Não prometo, mas minha próxima crônica pode nascer na mesa de um daqueles aconchegantes restaurantes da Piazza Navona ou em um barzinho qualquer da Via Veneto.