NÃO PROVOQUE! ESTOU ROSA-CHOQUE!

Postei-me em frente ao monitor esperando que a minha mente (na maioria das vezes criativa) ditasse as palavras, as quais eu posaria aqui facilmente. Mas nada aconteceu.

Durante o tempo que me atrevo no mundo da escrita pude constatar que uma vez por mês, durante todos os meses, sofro um bloqueio. Como se a fonte inspiradora das minhas idéias tivesse secado intermitentemente.

Com o teclado intacto, esperando pelos toques que versariam sobre algo; com minha mente criadora displicentemente inerte; com o meu corpo gritando para que eu largasse tudo, e me atirasse no sofá... Resolvi que o assunto em pauta deveria ser incontestavelmente um dos mistérios do universo feminino. Afinal, o meu alarme íntimo já havia disparado o aviso: “Prepare-se, você está entrando na TPM. E não conseguirá escrever uma vírgula sequer que a agrade”.

É exatamente assim que acontece. Pelo menos uma vez por mês paro em frente ao guarda-roupa, olho para as dezenas de peças dependuradas, cada qual em seu cabide, e concluo (desesperadamente) que nenhuma delas me cairia bem naquele momento. Passo a mão numa calça jeans e numa camiseta básica e me rendo ao período em que dificilmente algo vai me fazer sentir linda e maravilhosa. É o primeiro sinal de que tudo está começando.

Todos os meses passo por dias em que me torno insuportável a mim mesma. Mergulho num oceano de sentimentos que me leva a extremos de ficar chorona e frágil à irrequieta e impaciente. Posso afirmar que uma bipolaridade momentânea apossa-se da minha personalidade como uma obsessão psíquica nestes dias nebulosos. Isto pode parecer exagero para os olhos masculinos, todavia, sou capaz de apostar que as mulheres sabem (com conhecimento de causa) o quanto temos que, literalmente, sangrar por sermos mulher.

O universo feminino glamouroso e fascinante, dentre seus vários caminhos e recantos aprazíveis possui uma estradinha turva e acidentada, na qual obrigatoriamente precisamos passar mensalmente. É a jornada da TPM.

Com o passar do tempo e de observação forçada, sei exatamente quando tudo começa e acaba. Então vou logo avisando aos desavisados: Cuidado! Não provoque! Estou rosa-choque!
E não é que funciona? As pessoas com as quais convivo mantém a cautela necessária ao tratar qualquer assunto comigo nestes dias, mesmo que seja, simplesmente, para resolver o que teremos para o jantar.
Cria-se um cuidado especial em minha casa com a costumeira desarrumação dos quartos; com as toalhas largadas no banheiro; com a falta da descarga; com a falta de lembrar-se de apagar as luzes... Incrivelmente parece que todos ficam mais atentos aos pequenos detalhes e tentam, na medida do possível, não cometerem nenhum deslize. Afinal, um simples passo em falso pode detonar a mina. E lá vem bomba!

É assim desde meninas. Não podemos desviar da estrada sinuosa que se abre a nós mensalmente, mas temos que aprender lidar com ela. É aconselhável conhecer cada curva no mapa e ir logo avisando aos companheiros de viagem: Seguir uma mulher pode ter grandes riscos. Um deles é perdê-la na metade do caminho por alguns dias, todos os meses.
O segredo é ter paciência, pois ela volta. Sim, ela volta inteirinha depois da Tempestade Psíquica Mensal. Sem um arranhão sequer. Pronta para ser ela mesma até o próximo mês.



Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 20/09/2009
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