LIDAR COM DIFICULDADES

Meu pai contava a história do Jeca Tatu ( apenas a parte da preguiça), quando nos recusávamos a desempenhar uma tarefa. Depois ainda emendava: “Quem quer, faz, quem não quer, manda!” Então, tinha que aprender a mandar. Nessa condição, eu só tinha a minha irmã caçula. E ela era tão birrenta que o melhor era obedecer. Caçula, já viu, né? A mãe ou alguém protege. Assim, achei melhor ir aprendendo a fazer. Se não achasse também, iria ficar a ver navios, ninguém faria as coisas por mim mais tarde...

Dito isso é preciso acrescentar outro dado humanamente oportuno: o homem faz tudo o que estiver ao seu alcance para diminuir os seus empenhos físicos. De toda a tecnologia disponibilizada para nós, 99% destinam-se a reduzir o nosso esforço, facilitar o nosso trabalho ou mesmo eliminá-lo. Para quem já passou ou passa por algum aperto na lida, o que vem de apoio tecnológico é uma benção.

Para os que nasceram no mundo das facilidades, ai, meu Deus, como é difícil conciliar as duas situações! A moçada não quer saber de muito esforço. Tudo o que se diga que tem um preparo anterior, um estímulo motor, é motivo de recusa, de cara feia. O ato de pensar por conta própria eu já nem discuto. Isso é uma deficiência secular. Creio que a diminuição do esforço físico leva de carona o esforço mental. Pensar é trabalho, cansa. Culpa do desenvolvimento tecnológico sem lastro no conhecimento geral? Hoje é mais fácil trocar um aparelho, um mecanismo do que aprender a operá-lo com todos os seus recursos disponíveis. O consumismo também tem culpa ou é conseqüência da insolência? Quem não quer facilidade? Falo do geral, pois quem está dentro das exceções sabe que sua existência é o recibo da regra e não se incomoda com minha implicância.

Eu persigo há muito tempo uma sentença que diz o seguinte: “Amor, trabalho e conhecimento são as fontes da nossa vida. Deveriam governa-la também.”

Acho que do jeito que as coisas andam ultimamente, acho melhor que fique assim:

Amor, trabalho e conhecimento são as fontes de algumas existências. Ah, quem dera pudessem ser de todas!

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 20/09/2009
Código do texto: T1820493
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