Foto: Luis C Nelson
O calçado de madeira com brochas de metal parece ecoar nas milenares paredes de granito, enquanto retorno décadas no tempo e contemplo, por entre as brumas da minha memória, rudes trabalhadores do campo com suas enxadas às costas a caminho das lavouras nos estreitos socalcos pelos montes acima.
Rudes, andrajosos e miseráveis autômatos que desfilam na fria madrugada pelas vielas e quelhos da aldeia sem idade, com seus mirrados estômagos roncando de mau humor a água-ardente e algumas gramas de pão de milho oferecidos pelo patrão como mata-bicho, até que suas mulheres lhes aportem uma pobre malga de caldo de cebola.
A poesia sai-me rude, esfomeada; Eu desisto dela e proso meus pensamentos à guisa de homenagem ao lavrador desconhecido, que sucumbiu tísico em tenra idade...
(Dos meus arquivos)