O ET do Panamá
O ET do Panamá
A grande notícia da semana, pelo menos no foco dos internautas, vindo a figurar entre as mais lidas, veio a colocar no centro do palco das atenções mundiais a distante República do Panamá:
- Temos, agora, algo além do Canal, que desperte no mundo o interesse! – Poderiam ter dito alguns panamenhos mais lúcidos.
Um grupo de adolescentes, fazendo coisas de adolescentes, ao caminhar pelas margens de um lago no sugestivo distrito de Cerro Azul deparou-se, provavelmente, com as fibras espontâneas que nos surpreende o inusitado. Nesse momento toca-se a trilha sonora do Arquivo-X, mas Fox e Scully não aparecem, o que surge, diante dos cinco jovens atônitos, é uma criatura cor-de-rosa, com longos braços resvalando ao solo sobre suas pernas curtas, tendo emergido do fundo de uma gruta.
O ser, em uma ânsia por carne humana, imaginaram, chegou a segurar-se na perna de um dos rapazes. Atentos à defesa de suas próprias vidas, atendendo aos instintos inatos de nossa espécie que, diante do inusitado, refugia-se nas teias da ignorância, partiram para o ataque:
- Somos nós ou ele. – Devem ter dito, ou não dito, mas o que importa é que, diante de um animal desarmado, que sabemos lá de que era tenha surgido, brotou nos rapazes a necessidade imperiosa de sobrepor-se ao ente estranho recorrendo a um dos mais salientes traços de nossa natureza: a violência.
Munidos de paus e pedras, segundo informado em um vídeo da Globo (http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias), as velhas e antigas armas que fizeram com que nossa espécie bípede, mamífera e primata, avançasse a passos largos na senha da evolução, seja conquistando, matando e sufocando outros seres em busca da primazia planetária, os rapazes fizeram valer a força de nossa raça.
Chocou-me mais a reação enérgica e primitiva, escancarando de vez o que somos enquanto ¨humanidade¨, do que o encontro em si. O animal, caso o seja, afinal, não demos a oportunidade de se manifestar inteligentemente, parece-me mais uma preguiça pelada; talvez fruto de má-formação genética, induzida, quem sabe, por alguma química que o próprio homem tenha provocado no ambiente.
Diante de uma provável ameaça, desenhou-se a matriz da necessária sobrevivência. Caso realmente existam civilizações extraterrenas, a nos observar com poderosos telescópios, devem ter se aterrorizado com o fruto daquele bárbaro massacre. Na possibilidade de se tratar de um mensageiro de outro orbe em busca do primeiro contato, certamente, os embaixadores daquele planeta hão de se espantar com o tratamento aqui recebido adiando novas incursões até o nosso completo amadurecimento ou desaparecimento.
Não sei se há outros planetas habitados, não sei se aquela criatura era feroz, mansa, inteligente ou violenta. Sei apenas o que somos, o que escancaramos e traduzimos como espécie. Temos um medo errante que nos acompanha desde os primórdios da evolução. Erguemos sacrifícios pelo medo dos eventos naturais. Em seguida, cultuamos crenças trocando favores com a divindade em troca de curas, de alívios, de privilégios ou de qualquer outras benesses. Compramos armas para nos prevenir do ataque provável que ¨os outros¨ podem lançar contra nós mesmos. Antes de aprender a viajar pelas estrelas, desenvolvemos métodos que podem destruir o nosso planeta seguidas vezes. Somos nosso provável meio-e-fim.
A criatura do Panamá, caso soubesse de tudo isso, jamais deveria ter saído daquela sua segura toca. Poderia ter vivido ali, nas entranhas da terra, comendo sei-lá-o-quê, mas pelo menos estaria a salvo de nós. Caso seja um visitante de outro mundo, ou desse mesmo, não o saberemos, pelo menos não por enquanto. Esperemos que o corpo seja analisado e identificado. Na hipótese dos cientistas atestarem ser uma espécie única, rara, talvez sendo aquele o seu último representante, poderemos aumentar a lista dos animais por nós extintos em nossa eterna busca pela supremacia terrena. Fiquemos em paz, o primeiro lugar entre os predadores do mundo ainda é nosso...
Outros links:
http://www.telemetro.com/insolito/2009/09/16/nota39834.html