FILOSOFANDO LITERATURA ROMÂNTICA...

Filosofando em torno de teoria literária, o Romantismo marca a terceira escola literária do período clássico da literatura portuguesa e brasileira. Surgiu no final do século XVIII e perdurou por grande parte do século XIX, dividida em três gerações: a 1ª Fase marca o Nacionalismo exacerbado, em que a exaltação à Pátria era constante presença na poesia e na prosa; a 2ª Fase, em que o subjetivismo marcava o ultra-romantismo, também conhecido como “mal-do-século” e, finalmente a 3ª Fase, conhecida como Condoreira, onde o sentimento de libertação e luta abolicista prevalecia nas produções dos mais renomados escritores da época.

Dentre as três gerações, a que mais acho que merece um destaque (não desmerecendo as demais), sem dúvida, para mim, é a fase que caracteriza o chamado mal-do-século, que teve na figura de Lord Byron seu precursor. O que a caracterizava desse modo era o sentimento extremo de amor, maracado por forte subjetivismo e lirismo romântico que, literalmente, fazia com que se morresse de amor. A maioria dos poetas desta época viviam em um universo fantasioso, em amores não-correspondidos, atendo-se ao plano platônico. Definhavam até a morte, numa depressão extrema por causa (da falta) do amor. Até parece uma figura de linguagem, mais precisamente de hipérbole, mas é a mais pura verdade. Blase Pascal é que sabia bem disso e foi muito feliz quando, antes mesmo de o Romantismo surgir, já imortalizava o seguinte pensamento: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Quem é que pode entender os sentimentos? Só mesmo quem é capaz de amar. Essa é uma competência que só aqueles que possuem uma alma nobre são capazes de experimentar. Já usufruir dessa sensação recíproca, depende de uma série de fatores: não ter medo de parecer ridículo por confessar-se apaixonado, deixar a máscara da insensibilidade cair e, sobretudo, permitir-se amar e ser amado. Somente quando nos abrimos para o amor, sem aquela obsessão ferrenha em encontrar a cara-metade, é que podemos saborear as benesses e dores que só ele é capaz de produzir. Não ter medo de chorar ou de sorrir, de sentir “borboletas no estômago” ou de sentir estrelas cadentes no céu da boca. Metaforicamente falando, é claro. Mas só quem ama ou já amou pode entender o sentido figurado e dar realismo às palavras.

Atualmente, vivemos na contemporaneidade do pós-modernismo. Tendências literárias e manifestações ecléticas se mesclam no cenário da nova literatura. Para os mais tradicionais, muito do que se produz é lixo. Para mim, são resultado de oportunidades, democracia e de pluralismo cultural. Viva as diferenças! Graças a elas é que nós, seres humanos, estamos em constante crescimento e evolução. O que nos torna diferentes também nos aproxima por um interesse em comum, mais precisamente neste espaço: somos adoradores das letras, do ultra-romantismo às palavras, quer sejam em versos ou em prosas. Ainda bem que nos desapegamos dessa triste fase do mal-do-século, senão não haveria hoje outros renomados talentos da literatura brasileira. Por essas e outras razões é que não podemos parar no tempo, nos apegando a vãs filosofias ou dogmas e doutrinas. Tudo muda o tempo todo e se não nos condicionarmos a aceitar as diferenças e as novidades, corremos o sério risco de tornarmo-nos obsoletos.

O novo sempre assusta, mas também traz experiências e conhecimentos incríveis e inimagináveis. Eu adoro a produção literária do Romantismo, mas foi graças ao término desse estilo de época que pudemos conhecer outros tão maravilhosos quanto este, como o Realismo, Parnasianismo, Simbolismo e outros. Nobres escritores como o respeitadíssimo Machado de Assis (essa vai para os que se consideram donos das letras e das verdades e que costumam criticar o trabalho dos outros!) aderiram a novas concepções e, Machado ainda aceitou numa boa a fase de transição do Romantismo para o Realismo, produzindo clássicos maravilhosos que até hoje são lidos pelos apaixonados da boa literatura. O Romance Helena, por exemplo, escrito durante o Romantismo, foi adaptado para a fase Realista, seguindo as tendências do novo estilo de época e despedindo-se do de outrora, não menosprezando a experiência passada, mas tão somente mostrando uma flexibilidade e talento inquestionável no universo das letras que o fizeram ser quem foi e sempre será, imortalizado nos livros!

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 18/09/2009
Código do texto: T1818433
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