JERRY LEE LEWIS - THE ETERNAL MATADOR
Não! Essa crônica não é sobre o comediante; escrevo sobre o Rei do Rock and Roll. Como assim, Elvis? Chuck Berry, que nada! Os Beatles eram fãs do Mr Lewis, os Rolling Stones copiaram a sua loucura e a atitude. Antes mesmo que Jimmy Hendrix pensasse em destruir a sua guitarra; Jerry já queimava o piano.
Ouço o The Killer desde 1989. Foi nessa época que comecei a ouvir goldies e rock and roll dos anos 50, que alguns amigos disseram ter um nome meio moleque: rockabilly! Sei lá, qual era o melhor nome, mais eu simplesmente pegava fogo quando ouvia os acordes de "Great Balls of Fire". Sabia de cor os versos de "Wild One" e lia tudo o que eu podia sobre os rockers dos anos 50. É claro, que sendo o Brasil, naquela época, um país fora do mapa do show bussiness, eu jamais teria a chance de ver esses caras, que apesar de terem feito sucesso num tempo em que eu devia ainda estar encarnado em outro planeta, continuavam tocando e se apresentando pelo mundo em suas turnês. Sorte minha: eu estava errado! Em 1994, Jerry Lee veio ao Brasil.
O problema de se ter um gosto musical fora do convencional é o fato que não podemos compartilhar com quase nínguem o que gostamos, as novidades que descobrimos ou irmos com alguém querido para um show como esse quando temos a oportunidade. A minha sorte número II foi que eu tinha uma amiga em 1994 que estava aberta a novas descobertas musicais (ou estava sendo nice comigo); de qualquer forma, fomos juntos ao show, que ocorreu em algum lugar de Moema; não lembro bem onde, mas sei que havia outros tantos milhares de malucos topetudos e vestidos com jeans, camisas brancas e jaquetas de couro por lá pronto para curtir o melhor show de rock'n'roll da Terra. Eu estava em casa; Tatiane não. Sim, Tati foi comigo e foi iniciada naquele mundo de malucos apreciadores de rock antigo; porém, nunca soube ao certo se ela gostou da apresentação. Eu não!
O que eu esperava? Que o Jerry estivesse ainda com o folêgo de Breathless?
Ele tinha envelhecido e bem; cantou mal, desafinou, saiu do palco antes do tempo certo do final de show. Algumas línguas disseram que ele estava high, outras que apenas tinha bebido. Eu, por outro lado, ví um ídolo caído e é claro, quando me perguntaram o que eu achei do show; respondi de imediato: "foi louco, ensadecido, maravilhoso"; e qualquer outro adjetivo que não descrevesse o meu desapontamento.
Com o tempo, esqueci sobre isso. Fiquei com a boa memória de ter visto em carne e osso, um ídolo.
Hoje, Jerry Lee se apresenta novamente em São Paulo. Os tempos são outros, não tenho mais aquela vontade de vê-lo novamente, mesmo sabendo que o The Killer está na estrada, firme e forte, depois de um novo enfarte.
Gosto da idéia de vê-lo ativo, tocando, surgindo sempre do limbo como alguém renovado, mas confesso, lá no fundo, há um fã com medo de ser novamente desapontado.