SOMOS DIFERENTES
SOMOS DIFERENTES
Lendo um artigo no site da FGF (Faculdade Integrada da Grande Fortaleza), cheguei a conclusão que determinadas pessoas são orgulhosas e gostam de aparecer e se autonomeiam, intelectuais. Todos nós sabemos que o mundo globalizado foi inventado pelos americanos, pois o que não serve para eles, é bom para os países do terceiro mundo. É a velha mania de tirar proveito usando a sensibilidade alheia, esse sim, nós poderíamos alcunhar de sanguessugas da humanidade. Dizem os especialistas: sonhar faz parte da vida, é uma grande terapia para o ser humano. Sonhar mais alto do que o necessário julga-se desnecessário, pois vontade também consola, às vezes não se concretiza. O que consideramos quase impossível, se tornam verdadeiras utopias. Jamais conseguiremos usufruir nesta vida tão sofrida e de características inalienáveis, o prazer que vejo estampado em tal artigo, a não ser que o vil metal esteja abarrotando as contas bancárias e o bolso do sonhador. A vida material nada representa para os hominais desejosos de usurpar-se das benesses divinas.
Como não existe pecado, inferno, purgatório e outros dogmas inventados por autoridades papais, usar o pensamento em coisas boas e de primeira qualidade, nunca fez mal a ninguém. Sempre fui futebolista e nesse momento feérico da festa magna do futebol mundial, onde as nações esquecem as guerras assassinas e se voltam para a confraternização universal, vejo no pequeno écran colocado a minha disposição, os jogos de minha pátria e vou torcendo fervorosamente e com devoção, traçando como se diz no popular, um baião de dois com queijo e suco de acerola. É mole ou quer mais. Além do mais, ao lado de minha cachorrinha de estimação, que tem nome de artista famosa, lá dos states. Sharon é o seu nome. Sinto-me verdadeiramente feliz. Minha mulher com um olho na velha televisão e o outro no sabão, vai limpando as panelas com um avental surrado pelo uso do dia e ao mesmo tempo fazendo suas orações para que nosso Brasil se saia bem e com a vitória, é claro. Ninguém tem o direito de perturbar a fé alheia e após a vitória voltamos a tarefa normal, eu, no meu computador fazendo minhas pesquisas diárias, ela cuidando das tarefas domésticas. Não existe vida melhor do que esta!
Quando existe harmonia no lar tudo dá certo. Não é que a harmonia seja ausente em outros lares, talvez seja mais presente do que no nosso. E existe sim! Verdade, verdadeira. Vejo milhões de pessoas com ansiedade meio espalhafatosa, torcendo por sua nação do coração, roendo as unhas, espremendo as mãos, é o livre-arbítrio que leva o torcedor a colocar em práticas seus tique-tiques nervosos. Qualquer um torce e vibra do jeito que gosta. “Tomei café, planta Abissínia, com nata e açúcar, que chique! Só vou a China quando faço algum gracejo, que não agrada. Depois das frutas e do café, vem “waffles”, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava empregando como matéria prima o trigo, planta domesticada na Ásia Menor. Rega-os com xarope de “maple”, inventado pelos índios das florestas de Leste dos Estados Unidos. Eu como sou patriota prefiro uma bolacha Maria e pão carioquinha com café genuinamente brasileiro. “Hoje estou especialmente com apetite e no prato adicional comi ovo de uma espécie de ave domesticada na Indochina, e delgadas fatias da carne de um animal domesticado na Ásia oriental, salgado e defumado por um processo desenvolvido no norte da Europa”. Eu como não tenho luxo coloquei no bucho um ovo de galinha caipira, que minha sogra trouxe do sertão. “Eu por minha vez leio as notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um Processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-me das narrativas dos problemas do Ceará, do Brasil e do mundo, sendo um homem culto, agradeço a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser um cidadão cem por cento icapuiense e globalizado enquanto aguardo mais um jogo do Brasil na copa 2006, esporte inventado pelos Ingleses.” - Os ingleses nunca inventaram o futebol, apenas aperfeiçoaram. Como diz o clichê popular: “Quem não tem cachorro caça com gato”, recebo todos os dias o produto da terrinha cearense e nordestino, de quem muito me orgulha, os jornais Diários do Nordeste e Jornal O Povo. AH, my God, que divindade hebraica seria essa, já que ouvi dizer que alguém afirmou ser ateu e agnóstico. Questão de gosto não se discute.
“Terminado o café da manhã, observo um amigo chegando à minha casa, fumava, hábito que eu não aprecio, mas sei que foi implantado pelos índios americanos de uma planta originária do Brasil; ele fuma cachimbo, procedente dos índios da Virgínia, mas também de quando em vez fuma um cigarro, proveniente do México”. Eu fico longe de qualquer vício, seja qual for à nacionalidade, eles só servem para abreviar nossas vidas aqui no orbe terrestre, com ele se esvai o nosso fluido cósmico ou fluido universal. Quando escuto e vejo alguém falar em charuto, uma coisa boa vem à mente, a lembrança de minha querida e inesquecível vovó, que nos criou e educou para a vida, minha segunda mãe amada. Vovó adorava um cachimbo como fumo de rolo de Arapiraca.
Deitado numa rede velha, ouvindo o roçar do armador e talvez perturbando a paciência do vizinho, com uma televisão Sharp de 14 polegadas meio sambada como diria o velho nordestino, no português vernacular. Meu televisor está réquiem, esperando a extrema-unção, mais um dogma inventado pelos homens. Com minha vidinha sem luxo, mas com nobreza e espírito altivo, me vem a mente à caridade, e logo após a peleja não tomamos cerveja, fazemos sopa para distribuir com os carentes que dormem na rua ao relento. Ainda assim, sou satisfeito, pois não sou afeito a exorbitâncias materiais. Minha religião me ensinou, e eu procuro cumprir: “Fora da caridade não há salvação”.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-ESTUDANTE DE JORNALISMO DA FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA (FGF).