A (in) sensibilidade na Educação
O modismo da qualidade volta a bater às portas da educação e dessa vez com uma força tremenda, capaz de mover mundos e fundos para que ela se instale definitivamente, consagrando o nosso “Calcanhar de Aquiles”.
Digo isso sem medo, pois tenho a convicção, que pode ser errônea, mas é a minha até que me provem o contrário, de que tudo seria muito mais fácil se nosso país investisse na Educação de nosso povo.
Mas sinceramente não sei o que pretendem com esse “novo” projeto, se a prática a cada dia se distancia do discurso.
Vejamos:
Em plena era de discussão e construção de um Plano Nacional de Educação, temos uma escola da rede estadual de ensino que tinha um muro lindo que a cercava, com pinturas que lembram a cultura e o folclore de nosso belíssimo estado de Mato Grosso.
Pois é! Vocês acreditam que nossos dirigentes deram uma bela prova de que estão “antenados” com esse “novo” projeto de qualidade na educação e demonstram a extrema sensibilidade ao mandarem pintar por cima das antigas figuras que davam vida à escola, um branco forte e fosco, com um enorme CEJA escrito? Isso mesmo! Cobriram uma pintura maravilhosa para fazer propaganda com a educação.
Abaixo a cultura e viva e divulgação de nossas “políticas educacionais”!(??)
Será que não poderiam ter colocado uma placa no bordo superior da fachada da escola com as informações necessárias e terem preservado aqueles desenhos lindos?
Meu querido Mestre Rubem Alves nos lembra, metaforicamente, que qualidade na educação não é comprar as mais modernas panelas e colocá-las na cozinha. Precisamos é melhorar a qualidade dos cozinheiros e melhorar o paladar dos alimentos oferecidos aos nossos alunos. Ele é sensacional! Concordo plenamente com o digno Mestre.
E ele ainda cita a poetisa Adélia Prado que em um de seus belos poemas nos brinda com uma pérola ao seu final: “... não quero faca nem queijo, o que eu quero é fome.”
É isso que precisamos! Precisamos despertar a fome em nossas crianças!
Precisamos mantê-las com a chama do desejo pelo saber (prazer) acesa, pois até que isso aconteça continuaremos oferecendo uma comida que até pode ser boa, mas que não desperta o apetite de nossas crianças e nossos jovens.
E enquanto esse sonho não acontece, continuaremos a vislumbrar muros sendo pintados para esconder parte de nossa cultura para divulgar as “políticas educacionais” de nossos governantes.