Derrotados x Perdedores
“Foi o Vinte de Setembro, O precursor da liberdade”. Diz o hino dos orgulhosos farroupilhas sempre assanhados em meados de setembro, na comemoração pela guerra perdida, ouvi de um opositor da tradição Gaúcha, que obviamente, foi atropelado pelos insultos. A guerra não permite vencedores. Nem liberta ninguém, só nos aprisiona em sentimentos rancorosos ou prepotentes, que nos afundam sem piedade.
O exemplo Charrua, deveria ser seguido, assim como os Sioux, ou outros povos Americanos, até mesmo os Africanos, antes de terem na sua frente à “liberdade evoluída” do homem branco. Historicamente temos milhares de exemplos de como a guerra arrasa a evolução humana, basta citar alguns, como os jardins suspensos, a medicina Egípcia, e os conhecimentos artísticos e culturais com povos dizimados da antiguidade.
No caso dos índios Americanos, o belo filme, “Enterrem meu coração na curva do rio”, do diretor Yves Simoneau, e do livro de Dee Brown com o mesmo nome, nos fornece um panorama da fúria branca sobre os homens livres. A liberdade assusta o homem branco de tal forma, que são necessárias celas para prender o monstruoso alvedrio. E também “El Genocidio de la Poblação Charrua” livro do Uruguaio Eduardo Picerno, ainda sem versão em português, que narra o período histórico da extinção de um povo, em raros documentos oficiais encontrados no país vizinho.
Os Charruas, assim como os nativos norte-americanos não tinham noção de propriedade e matavam os bois dos homens brancos do Pampa, entre Brasil, Argentina e Uruguai, sem saber que era errado isso. Viviam da caça e da pesca, e não conheciam divisas ou limites. Esse anseio por liberdade aprisionou a humanidade numa redoma de hipocrisia e segregação, e ainda comemoramos a data de um acordo de paz, ou a tomada de um lugar ou um país, como se honra isso trouxesse, quando condenamos nossos semelhantes à desgraça.