O CORVO E A CARTA
Meia noite já era e eu lia “The Raven” de Edgar Allan Poe. Foi quase adormecida que ouvi bater à minha porta. Uma visita a esta hora ? eu me disse. Ou será “Never more” o Corvo de Poe, pensei.
Não abri a porta, além do mais estava coberta de nostagia, envolvida que fiquei pela leitura e me fiz um ser tão solitário quanto o poeta e pretendia continuar como tal; não desejava visita indesejada e inesperada de quem quer que fosse.
Enquanto isso os meus pensamentos detinham-se numa carta que tinha em mãos e estava tomada pela idéia de transcrevê-la, era uma carta de despedida, de amor que não deu certo, não muito bem escrita, cuja autora eu desconheço e muito menos o distinatário. (vou consultar o meu amigo de “A Emoção Solidária”, João Wilson Mendes Melo se sabe algo sobre a autora)
Vejamos:
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“Não sei o que houve entre nós. Naõ sei por que houve.. Deve ter passado uma infinidade de anos enquanto estávamos juntos. Imaginariamente. Depois veio o vazio, o caos, o tormento, esse vento cruel...
E para que se amar num tempo de agora? Um dia a gente pára e se vê que não seguiu nenhuma meta.
Por que as coisas foram difíceis para nós? Pudera eu me mirar nos teus olhos e correr de mãos dadas num campo de primavera... E ter o coração em paz, aberto para amar e ver o bem, tudo com os olhos do amor.
Nossos encontros poderiam ter sido de alegria. De grande amizade. Eu queria você e você me queria. Perdemos o tempo de ser feliz, afinal.
Olho ao nosso redor e tudo continua igual nessa jornada da vida, se bem que reconheço que somos de mundos diferentes. Nada mesmo poderíamos ser um para o outro, a não ser grandes amigos. Eu sei que você sabe disso também,
Se não pudermos mais nos ver, eu deixo aqui a minha despedida, o meu afeto e minha gratidão por uns momentos de felicidade que eu vivi. Fica, entre todas as lembranças, a saudade – a única coisa que sempre resta de tudo o que é puro e bom nesta vida, onde a gente representa um papel.”
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