O poder do futebol em unir as pessoas

O futebol tem coisas que até Deus duvida. As coisas menos elementares acontecem. Vejam só: há anos fui ao Maracanã ver uma partida de futebol. Flamengo x Vasco da Gama. Tarde quente de domingo, o anel do estádio estava fechadinho de torcedores, olhando o visual parecia aqueles chuvisquinhos coloridos, quando o aparelho de tv está mal sintonizado. Mas era um espetáculo de público bonito, era show mesmo. Bem! A partida era para começar às 17:00h, mas entrevista aqui, entrevista ali e o jogo teve seu início 15 minutos após o tempo marcado. Vocês sabem que sempre tem aqueles torcedores que chegam atrasados, não é só no futebol, não encontram lugares para sentar, então ficavam de pé, lá em cima do último degrau das arquibancadas. Muito bem! Nesse jogo, um grupo de torcedores chegaram em cima da hora, formado por duas damas e um cavalheiro, se alojaram atrás de mim, em pé, eu estava no penúltimo degrau da arquibancada. Observei o trio chegar e prestei atenção nas duas garotas. O jogo começou, passe pra lá, passe pra cá, o calor de verão adicionado ao calor humano, era igual a um enorme forno. Eu olhava para o gramado, torcia, olhava para o lado oposto da onde estava sentado, enxergava aqueles chuvisquinhos coloridos, fazia uma panorâmica de 360º e terminava sempre contemplando as duas torcedoras em pé atrás de mim, a minha esquerda. Ficou na extremidade do grupo o colega,no meio e lado direito as duas menininhas. Deveriam ter entre 17 e 23 anos, as morenas. Comecei então a puxar papo com uma delas, a mais próxima de mim, dizendo que a torcida adversária não estava com nada etc.

Ela então, simpática, trocava palavras comigo. Num certo momento da partida o Flamengo marcou um gol. A galera veio abaixo, todos, mas todos pulavam como pipocas quentes na frigideira. Elas, as meninas, que chegaram atrasadas, também pularam alegremente, não podia ser diferente. Com a emoção maior de uma partida que é o gol, os torcedores se confraternizavam e eu fiz o ritual. Abracei os torcedores que me ilhavam. Quando terminou a cerimônia dos abraços, todos já se acomodando nas arquibancadas, eu olhei para as torcedoras e não perdi tempo. Sorri e elas me retribuíram o olhar e o sorriso, joguei-me em seus braços e elas me aceitaram e nos apertamos mutuamente e o colega delas viu tudo e ficou rindo, na dele. Na realidade deveria ir mais um colega para ladeá-las, mas não houve a preocupação de defender os sexos frágeis. Talvez porque o futebol une em um só tom amigos e inimigos. Final feliz, Isso estava escrito há 5.000 anos, como dizia o saudoso tricolor Nelson Rodrigues. O Fla venceu, a nação saiu feliz e torcedores e torcedoras mais ainda.

Les oiseaux
Enviado por Les oiseaux em 15/09/2009
Código do texto: T1812160
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