Noites de luar...
Sandra M. Julio
Pela solidão do meu olhar, passeia a saudade, cúmplice serva dos meus versos, repletos d'um inquietante silêncio que transcende física e razão. Estrangeira, nesta intimidade perdida, busco-te no reflexo de cada olhar, como se buscasse flagrar caminhos íntimos de nós...
Entre céu e terra pulsam letras, pronunciando afeto e ternuras, descalços sonhos estendidos entre incansáveis esperas, onde adormece este insano coração, suscitando desejos tecidos em fios do cotidiano. Órfã de mim, presa à plenitude da liberdade encontra-me a vida, obscuro pincel, matizando o universo com tons de saudade.
Minha mão, vazia de adeus, busca entre céus a melodia da tua voz, orquestra onde alvorecem meus dias e refestelam meus ais.
Meu olhar ainda borda nossa história, entrelaçando pretérito e futuro num mesmo capítulo, onde ainda navegam nossas essências.
Existem dias assim, em que a alma se esconde no recôndito escuro da mente onde as lembranças insistem em relatar a parceria de olhares e sorrisos, sagrados e profanos segredos contidos na nostalgia de solitários e maliciosos lábios... Nossas pretensas resistências desfalecem enfeitiçando esquecimento, transbordando taças de esperança.
Indiferente segue o tempo arrefecendo promessas que insistem em perfumar noites como essa, de luar.
Sandra
15/9/09