Agruras e (Des)venturas de Concurseiro (a)
Mais um dia como outro qualquer estava por vir... Seriam aquelas mesmas atividades rotineiras, exaustivas, enfadonhas e deprimentes... Acordar, tomar café e em seguida "afundar-se" em meio à tantos livros e apostilas... Fazer o que? Concurseiro não tem outra opção! Por vezes, a mente viajava por lugares longínquos. Era, talvez, a única forma de relaxar; em meio à tamanha obrigação. Artigos, incisos, alíneas liam-se por horas afins... a mente prestes a pifar, ou algo que gerasse sensação similar...
O pior era que cada vez mais se instalava a certeza de que leis eram meras letras mortas! Na prática, o cumprimento delas era algo tão abstrato, quanto impossível! Como seria de se esperar, a inquietação lhe assombrava a mente. Quantos passeios e momentos ao lado dos amigos, já teria perdido por ano? Quantos planos pessoais já tivera de abdicar? E, sobretudo, angustiava-lhe pensar, em quanto tempo mais se prolongaria aquela árdua tarefa?! Nessas horas, surgiam vontades repentinas de arrumar o quarto, ler aquele livro enjoativo que outrora havia sido abandonado... Mas isso não era nada, perto dos inconvenientes familiares que quando não pressionavam-o, faziam barulho, pediam favores em horas inoportunas...
Quando se via, o tempo passava mais rápido do que um piscar de olhos, e nem parte mínima do programa de estudos havia se cumprido. Desta forma, o concurseiro se desanima, se angustia... Sua segurança fica abalada; fazendo-o se sentir despreparado e sempre aquém daquele patamar que deveria atingir... Procurando inspiração, ou talvez; conselhos, ele pesquisa dicas de quem já atingiu o objetivo-mor, o sonhado cargo público e tão almejada estabilidade... Desespera-se ao ler que a maioria, em suma, indica-lhe se tornar um robô, um ser que só interrompe os estudos para satisfazer as necessidades fisiológicas, para comer, parar tomar banho e para dormir... 24 horas, parecem quase nada, ao ser recomendado que se estude, no mínimo, 16 horas por dia...
"É uma tarefa árdua e cansativa, porém necessária" pensa o concurseiro. E, dividido entre a ideia de que passar num concurso é mais difícil do que ganhar na loteria, dependendo mais de sorte do que de outra coisa qualquer; e, de que só lhe resta investir na persistência e determinação, além de horas e horas de estudo... O concurseiro volta à sua rotina repetitiva e cansativa, sem objeção, apenas em busca de atingir um sonho, deveras; quase inalcançável!