Como nunca fui beijada
Quando fui lhe esperar no aeroporto, meu coração batia descompassadamente. Eu, com um vestido cor de esperança, estava linda, mas não confiante. Talvez não fosse a mulher que pessoalmente fosse lhe interessar e que você também não fosse para mim o que meu corpo, minha mente e meu coração pediam. Mesmo assim estava lá. Trêmula, boba... A placa na mão, a palavra “EU” entre aspas, com letras enormes, garrafais. Sim, entre aspas, como havíamos combinado. Claro que teria sido mais fácil nos conhecermos primeiro pela web cam, mas, como ambos gostamos de aventuras, decidimos encarar de forma aventureira esse momento.
O seu vôo estava chegando. Meu coração batia como um tambor, Tum...tum...tum...tum...tum...tum...Cada vez mais acelerado, tumtumtumtumtumtum. De repente, os passageiros do seu vôo, passavam. Todos passavam. Todos! Menos você!
Assisti muitos encontros: Alguns pais com seus filhos. Alguns maridos com suas mulheres ou amantes, sei lá. Alguns amigos, netos e avós. E nós? Como nos definiríamos?
Meus devaneios foram tão intensos que não vi você chegar até tocar-me. Boquiaberta, fitei-o nos olhos. Você também a fitar-me, falou: – Oi amor!
– Oi! – Respondi – Uma folha seca no outono tremeria menos que eu. Você tomou-me em seus braços, olhou-me nos olhos com aquele seu olhar safado, depois ficou sério, aproximou seus lábios dos meus, e, beijou-me como nunca fui beijada. Com sua pegada e com seu beijo, tive a certeza que era você o homem da minha vida. Restava saber se eu era a mesma coisa pra você. Mas, enfim, que seja infinito enquanto dure, segundo o grande poeta, Vinícius de Morais, no “Soneto do amor eterno”.