Se conselho fosse bom...
Há alguns dias, estava na aula com uma amiga quando começou a rolar uma sessão-desabafo-terapia. Isso é só pra ver o prazer que tenho assistindo esta aula.
Vontade de morrer...
Mas o que aconteceu é que ela estava triste, realmente chateada com o fim de um relacionamento de 4 anos. E o rompimento é recente, por isso senti a necessidade de dar um apoio para aquela pessoa tão perdida, que não sabia se ia para a esquerda, para a direita, ou se ficava parada até tudo passar e poder simplesmente seguir em frente livre, leve e solta.
Mas neste dia ela estava, infelizmente, o contrário de tudo isto.
E como sou coração mole, prontamente emprestei meu ombro - que demorou pra ser devolvido...
Ouvi seu sofrimento, sua mágoa e comecei aquele repertório de clichês pra lá de manjados como: vai passar, foi melhor assim e blá, blá, blá.
Mas quanto mais blá, blá, blá saía da minha boca, mais eu fui me dando conta de uma coisa: quem sou eu para dar conselhos???
Me vi falando com aquela garota - ela deve ser uns 18 anos mais nova do que eu - cheia da razão, como se o fato de ser mais velha que ela fizesse de mim uma sábia.
Tudo bem que em relação a ela eu devo ser um pouco mais sábia mesmo, afinal quando ela nasceu eu usava New Wave nos cabelos e dançava "Você não soube me amar" nas festas.
Mas o meu questionamento é: o que nos torna habilitados, ou achando que somos habilitados, para dar conselhos?
Se nem sei cuidar direito da minha vida.
Se não vivo um modelo de perfeição e se nem tudo que vivi realmente me fez aprender ou tirar uma grande lição de tal experiência.
Em alguns momentos me ouvi falando algo e pensei: porque não aplico isso à minha vida?
É tão mais fácil dar conselhos - e por isso que não se cobra por eles - quando é em relação à vida de uma outra pessoa.
Mas e quanto a nós mesmos? E os nossos problemas? Cadê o conselho nesta hora?
Pois é, faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Mas enfim, de qualquer forma acho que meu ombro até que teve alguma utilidade.
Mesmo que tenha sido pra me sentir bem por ter tentado ajudar uma amiga, ou mesmo por me fazer refletir sobre coisas que às vezes tenho tentado não pensar.
Acho que quem está precisando de conselhos sou eu...