AS CAVERNAS
O mundo inteiro respira o ar do medo. De medo, nos embebedamos. Com medo, fazemos amor e dormimos. E o mundo inteiro parece mais unido com o medo como laço. Ah, meus irmãos judeus, meus irmãos amarelos, meus irmãos qualquer-cor, temos o medo como pai. Enfim, somos todos iguais.
É quase meia-noite em todas as nações. É quase meia-noite em todos os corações. Por esse mundo, Osamas têm cavernas úmidas e, de lá, com corações sólidos e preces subterrâneas, tecem futuros escombros, futuras saudades, futuros rios rubros em nome da ilusão. A ignorância move esse mundo! Não fiquemos surpresos. A ignorância sempre guiou o mundo e até mesmo a razão. Fomos todos gerados pela ignorância. Essa mãe velha e gorda.
Nessa terra de palmeiras já escassas, homens em brutas jaulas criam o terror. Homens em brutas jaulas têm muitos ouvidos. E esses ouvidos escutam e são cegos fiéis. Mas há muito silêncio em São Paulo. Tem muito silêncio nesse mundo. Há uma descrença apocalíptica e um medo terrível dos segundos. Somos todos tão iguais. Somos todos homem-bomba. E com o medo e a ignorância como herança, ditamos nossos dias. E tu, não esqueças, também és um terrorista. Tu és o maior sabotador dos teus caminhos.
* Escrito por Caio Böes de Oliveira, o "Homem da Mulher de Sardas" *