O Canyon do São Francisco
Tal qual o dito popular “casa de ferreiro, espeto de pau”, somente agora fui conhecer o canyon do São Francisco, apesar de ser da região e já ter morado em quatro cidades ribeirinhas do submédio e baixo São Francisco. Atraído pela propaganda das agências de turismo, eis que resolvo visitar a Hidrelétrica de Xingó, cuja barragem propiciou a formação de um grande lago, fazendo com que aquele canyon se tornasse o de maior extensão navegável do mundo. O passeio de catamarã, entre rochas talhadas pela natureza, é um presente para os nossos olhos que não se cansam de ver a escultura da mão divina.
Retornamos ao pôr-do-sol, aumentando assim o espetáculo oferecido pelo Autor da natureza, oportunidade em que ouvi uma frase de um turista que estava na proa daquela embarcação, que tento agora reproduzir: “É inconcebível não acreditar em Deus, diante de tanta beleza; é difícil ser ateu, estando aqui”.
No dia seguinte, noutra catamarã, fizemos outro passeio, a jusante da barragem, passando pela histórica cidade de Piranhas, conhecendo ali o Museu do Cangaço. Pelo relato do guia sobre a trajetória de Lampião, encorajamo-nos percorrer a trilha do cangaço, indo até o lugar onde Lampião foi morto, na Grota do Angico, no outro lado do rio, em Sergipe. Ao retornarmos, depois de uma longa caminhada por um caminho íngreme e pedregulho, eis que nos aguardava, na catamarã, um gostoso prato de pitus, que mais pareciam lagosta, de tão grandes que eram. Aí, não deu para rejeitar uma cervejinha gelada, a bordo, contemplando novamente a beleza do São Francisco. Não podemos admitir que só se faça turismo onde há belas praias, mas também pelo interior do nosso Brasil.