O Canyon do São Francisco

Tal qual o dito popular “casa de ferreiro, espeto de pau”, somente agora fui conhecer o canyon do São Francisco, apesar de ser da região e já ter morado em quatro cidades ribeirinhas do submédio e baixo São Francisco. Atraído pela propaganda das agências de turismo, eis que resolvo visitar a Hidrelétrica de Xingó, cuja barragem propiciou a formação de um grande lago, fazendo com que aquele canyon se tornasse o de maior extensão navegável do mundo. O passeio de catamarã, entre rochas talhadas pela natureza, é um presente para os nossos olhos que não se cansam de ver a escultura da mão divina.

Retornamos ao pôr-do-sol, aumentando assim o espetáculo oferecido pelo Autor da natureza, oportunidade em que ouvi uma frase de um turista que estava na proa daquela embarcação, que tento agora reproduzir: “É inconcebível não acreditar em Deus, diante de tanta beleza; é difícil ser ateu, estando aqui”.

No dia seguinte, noutra catamarã, fizemos outro passeio, a jusante da barragem, passando pela histórica cidade de Piranhas, conhecendo ali o Museu do Cangaço. Pelo relato do guia sobre a trajetória de Lampião, encorajamo-nos percorrer a trilha do cangaço, indo até o lugar onde Lampião foi morto, na Grota do Angico, no outro lado do rio, em Sergipe. Ao retornarmos, depois de uma longa caminhada por um caminho íngreme e pedregulho, eis que nos aguardava, na catamarã, um gostoso prato de pitus, que mais pareciam lagosta, de tão grandes que eram. Aí, não deu para rejeitar uma cervejinha gelada, a bordo, contemplando novamente a beleza do São Francisco. Não podemos admitir que só se faça turismo onde há belas praias, mas também pelo interior do nosso Brasil.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 14/09/2009
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