Preciso Tomar Jeito (EC)
Tenho que tomar jeito. Vivo no mundo da lua, perdida em meus pensamentos, volta e meia perco óculos e horário. Atraso compromissos, quitação de contas. De repente o carro para: pane seca. Um flash e ainda penso que é trovão antes de me dar conta de que fui pega no radar eletrônico. Surpreendo-me: mas eu baixei a velocidade! Sim. Para oitenta, redondinhos. O limite aqui é... sessenta!
Nas reuniões, se não anoto tudo, posso desistir. Depois não lembro uma única decisão. As tarefas são registradas em papeizinhos amarelos afixados ao monitor do micro, em uma lista na minha agenda, no caderno, no gerenciador de tarefas do outlook, no "reminder" do Gmail. Aniversários, idem. Aliás, preciso juntar tudo num lugar só. Uma única agenda, quem sabe? Só preciso tomar cuidado para não perdê-la, também, como perdi as outras três.
Sim, preciso tomar jeito. Manter os pés no chão e não perdidos em devaneios sobre amores impossíveis, anjos possíveis, cidades perdidas, tesouros encontrados. Nada de relembrar detalhes remotos de causos engraçados e esquecer aquela coisa importante que eu tinha que fazer hoje... o que era mesmo?
Sim, preciso tomar jeito... amarrar a verve que me distrai com rimas, segurar o desejo de escrever de tudo, focar aqui, no isso e aquilo do meu viver concreto.
Quer saber? Quero não... Vou me virando como dá, anotando onde consigo anotar, lembrando o que consigo lembrar e correndo atrás do prejuízo. Mas parar de escrever, nem pensar!
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Preciso Tomar Jeito.
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