DESCE! TÁ NA HORA, PELUDO!
Meu amigo Dante Marcucci, autor da crônica TÁ NA HORA, PELUDO!, tem toda razão. Eu gosto de bichas! De todas, até das deslumbradas. Não tenho absolutamente nada contra, até admiro a sensibilidade que lhes é peculiar e tão necessária para todos.
Quanto ao Dante, ele é o primeiro na bicha dos amigos que fiz aqui. Que fique bem claro, não é privilégio! E muito menos é medo de reclamação de gringo grandão! Simplesmente, ele foi o primeiro a chegar ao meu coração.
É verdade, gosto de filas! Creio que isto é responsabilidade deste meu lado racional, que também me impede de ser poeta. Tenho dificuldade de sonhar, prefiro administrar o possível até que, passo a passo, torne-se o sonho.
Também, nesta questão de filas, eu e o Dante somos grandes parceiros. Ele sonha em acabar com elas e eu, já que não sou poeta, trabalho para tornar o sonho dele possível. Pois é...
Qual a solução para as filas, hoje, na nossa dura e crua realidade? Não existe. Pensem em todas as filas que enfrentamos. Já imaginaram sem elas hoje, aqui e agora? Seríamos um bando de seres desumanos lutando entre si, empurrando, acotovelando, derrubando, passando por cima, amassando, trucidando e até matando para atingir nosso objetivo. Sem dúvida o Dante chegaria primeiro, mas não é essa a razão dele, ele não gosta por que é poeta. Voltamos às bichas...
As filas também têm a função de dificultar coisas que detesto, tais como suborno, jeitinho brasileiro, protecionismo, violência física... Vamos pensar nos bancos, que é uma necessidade comum a praticamente todos os cidadãos. Eu morreria, antes de fazer um depósito, se o meu banco atendesse primeiro os mais ricos, os parentes, amigos do peito e os grandalhões. Bem, se fosse um saque em espécie, não tenho dúvida, eu morreria de fome... Não seria diferente nas demais instituições.
Continuo realista e querendo assegurar o meu lugar na bicha, seja onde for, mas não tiro a razão do Dante e também não gosto de esperar. Acho que realmente os semideuses devem descer um pouco a terra e à realidade.
Que venham com eles os poetas!
Desce! Tá na hora, peludo!
Obs.: Também em Portugal, exceto Trás-os-Montes, chama-se “fila” de “bicha”.
TÁ NA HORA, PELUDO! Dante Marcucci
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1807314
* Interessante Contribuição de ALEX RAYMUNDO:
Sobre a instituição da fila (ou "cauda"), Monteiro Lobato já dizia, em 1929, no seu deslumbradíssimo "América": "Tem muita filosofia a cauda americana. Mostra o grau de disciplina a que chegou o povo, mostra a aceitação instintiva da forma que melhor atende ao fim coletivo: entrar sem tumulto e na ordem de direito. O instinto de conservação a criou. Sem ela a América, este monstruoso formigueiro humano, não poderia funcionar. Esperar a sua vez, ocupar o seu lugar - como isto que parece fácil é difícil num país latino!"
Meu amigo Dante Marcucci, autor da crônica TÁ NA HORA, PELUDO!, tem toda razão. Eu gosto de bichas! De todas, até das deslumbradas. Não tenho absolutamente nada contra, até admiro a sensibilidade que lhes é peculiar e tão necessária para todos.
Quanto ao Dante, ele é o primeiro na bicha dos amigos que fiz aqui. Que fique bem claro, não é privilégio! E muito menos é medo de reclamação de gringo grandão! Simplesmente, ele foi o primeiro a chegar ao meu coração.
É verdade, gosto de filas! Creio que isto é responsabilidade deste meu lado racional, que também me impede de ser poeta. Tenho dificuldade de sonhar, prefiro administrar o possível até que, passo a passo, torne-se o sonho.
Também, nesta questão de filas, eu e o Dante somos grandes parceiros. Ele sonha em acabar com elas e eu, já que não sou poeta, trabalho para tornar o sonho dele possível. Pois é...
Qual a solução para as filas, hoje, na nossa dura e crua realidade? Não existe. Pensem em todas as filas que enfrentamos. Já imaginaram sem elas hoje, aqui e agora? Seríamos um bando de seres desumanos lutando entre si, empurrando, acotovelando, derrubando, passando por cima, amassando, trucidando e até matando para atingir nosso objetivo. Sem dúvida o Dante chegaria primeiro, mas não é essa a razão dele, ele não gosta por que é poeta. Voltamos às bichas...
As filas também têm a função de dificultar coisas que detesto, tais como suborno, jeitinho brasileiro, protecionismo, violência física... Vamos pensar nos bancos, que é uma necessidade comum a praticamente todos os cidadãos. Eu morreria, antes de fazer um depósito, se o meu banco atendesse primeiro os mais ricos, os parentes, amigos do peito e os grandalhões. Bem, se fosse um saque em espécie, não tenho dúvida, eu morreria de fome... Não seria diferente nas demais instituições.
Continuo realista e querendo assegurar o meu lugar na bicha, seja onde for, mas não tiro a razão do Dante e também não gosto de esperar. Acho que realmente os semideuses devem descer um pouco a terra e à realidade.
Que venham com eles os poetas!
Desce! Tá na hora, peludo!
Obs.: Também em Portugal, exceto Trás-os-Montes, chama-se “fila” de “bicha”.
TÁ NA HORA, PELUDO! Dante Marcucci
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1807314
* Interessante Contribuição de ALEX RAYMUNDO:
Sobre a instituição da fila (ou "cauda"), Monteiro Lobato já dizia, em 1929, no seu deslumbradíssimo "América": "Tem muita filosofia a cauda americana. Mostra o grau de disciplina a que chegou o povo, mostra a aceitação instintiva da forma que melhor atende ao fim coletivo: entrar sem tumulto e na ordem de direito. O instinto de conservação a criou. Sem ela a América, este monstruoso formigueiro humano, não poderia funcionar. Esperar a sua vez, ocupar o seu lugar - como isto que parece fácil é difícil num país latino!"