CIRANDA, CIRANDINHA....
Recentemente estive num aniversário de criança. Tinha tudo para ser uma festinha comum dessas bem típicas onde a maioria é de crianças que aproveitam a grande oportunidade para fazer uma enorme bagunça mais ou menos desorganizada e os adultos, ou estão fazendo fofoca ou estão tomando cerveja morna.
Como não gosto nem de uma coisa e nem de outra, quer dizer, nem de cerveja morna e nem de fofocas, comecei a prestar a atenção no que cada criança fazia, como se divertiam e como tinham pulmões para dar aqueles gritinhos que em algumas circunstâncias conseguem deixar alguns adultos, principalmente mamães na TPM e vovós na menopausa incrivelmente impacientes.
Eu adoro crianças. Se pudesse teria sido pai de pelo menos mais quatro filhos e às vezes até gostaria de voltar a ser uma delas.
Não exatamente a criança que fui mas uma criança moderna , dessas que dominam bem o orkut , fazem cursinhos de inglês , adoram passear nos shoppings e comem pipocas em enormes copos de papelão.
Gostaria muito de aprender a sorrir como aquelas crianças que naquele momento estava apreciando. Aliás, quem me conhece de perto, mas bem de perto mesmo, sabe perfeitamente que sou de sorrir muito pouco. Gargalhar então, é uma raridade.
A algazarra daquelas crianças me encantava. De repente, uma jovem franzina e extremamente sorridente pegou um microfone e anunciou que as brincadeiras iam começar.
Pensei cá com meus botões : ”se os pequenos já estavam naquela alegria e fazendo aquela bagunça toda, imaginem quando realmente começassem com as brincadeiras !” .
Completamente distraído e esquecido de quem me acompanhava, inclusive a patroa, me concentrei um pouco mais no que a animadora da festa estava fazendo e se querem saber, me deu uma vontade louca de participar também. E acabei indo.
Brinquei na dança das cadeiras e de uma forma absolutamente ridícula, fui desclassificado logo no início.
Veio depois a dança das laranjas , que era algo dificílimo de fazer ou seja, o casal tinha que dançar com as mãos para trás e equilibrando uma laranja com a testa.
O resultado é que também fui ridiculamente desclassificado e ainda ganhei uma sonora bronca da patroa. Mas eu nem liguei.
E as brincadeiras continuaram e eu , completamente embevecido com todo aquele barulho, com toda aquela alegria. Até consegui tomar dois goles de cerveja morna e comer um enorme cachorro quente cujo molho, como sempre acontece, caiu na minha camisa.
E aí veio o clímax das brincadeiras, o ponto maior das comemorações que era uma enorme roda formada por adultos e crianças e todos começaram a cantar o clássico “Ciranda, cirandinha...” .
Não sei exatamente se é a idade que está me tornando mais emotivo ou se é o coração que está amolecendo mas tenho que confessar que me emocionei.
Aquela música me transportou por breves instantes ao meu tempo de criança e consegui me ver de calças curtas e brincando de roda em frente a minha casa com meninos e meninas, numa época em que brincadeiras de criança eram da mais pura inocência.
Voltei para minha mesa, disfarcei uma pequena e teimosa lágrima que insistia em rolar pelo meu rosto e feliz mas saudoso, consegui tomar mais um gole de cerveja, morna é bem verdade, bem morna.
Logo em seguida cantou-se o “parabéns pra você” tradicional, as crianças foram sossegando aos poucos e feliz pelas lembranças trazidas, me preparei para voltar para minha casa.
Naquela noite não me lembro do que sonhei ou se sonhei. A grande verdade é que, acreditem ou não, consegui fazer uma viagem no tempo e voltei aos meus cinco, seis anos, talvez ou pouquinho mais ou um pouquinho menos e pude brincar de roda cantando, a plenos pulmões e bem desafinado o “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar....”
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(.....imagem google.....)