Expansão da expansão

Acompanhei recentemente a questão da missão de busca das vítimas do acidente com o voo 447 da Air France, e tenho acompanhado as notícias a respeito das vítimas da gripe chamada "suína", causada pelo vírus A (H1N1).

Fico pensando a respeito dos meus tempos de criança na minha querida cidade Santa Branca.

Tudo me parecia tão perto, tranquilo e gostoso.

O local onde meu pai trabalhava, a casa dos meus melhores amigos que eu brincava todos os dias e até o cinema, ficavam na mesma rua que eu morava.

A praça ficava no começo e o grupo escolar no fim da mesma rua de casa.

Porem com todas essas facilidades o gostoso mesmo era expandir.

Ir para onde não se podia ir, para onde meus pais não permitiam. O proibido dava uma sensação de liberdade e autonomia. Como se o perambular fora dos limites daquela rua permitida me desse mesmo que falsa, a garantia da carteira de identidade escrita com letras garrafais e em negrito: “este menino tem 18 anos e está livre para tudo incluindo entrar em filmes para maiores”.

Tragédia só se dava quando alguém havia se excedido no álcool e fazia alguma bobagem. A que me lembro ter sido mais significativa foi quando uma pessoa teve um surto psicótico e acabou sendo detido com camisa de força. Aquilo foi comentário por vários dias na cidade.

Gripe era apenas gripe e nada mais.

Transporte se dava a pé, cavalo, charrete, carro de boi ou por alguns poucos carros que tinha por lá.

Assim era o meu dia a dia de criança, alimentando e tentando com esperança ir nadar no rio Paraíba, ou um dia ir para o ginásio que ficava do outro lado daquela pequena cidade já com o status de “quase” maior de idade.

Eu tinha pressa de chegar ao tanto que eu queria, e, no entanto, o tempo para tudo era muito devagar.

Parece que eu só via desvantagens em ser criança e vantagens em ser adulto.

Eu não tinha a idéia que crescer vem também com letras garrafais e em negrito, uma relação anexa a respeito das vantagens e desvantagens.

Após esse curto e demorado período de criança, vem o de adulto. Esse sim parece muito mais curto e mais rápido, onde a velocidade é bem mais espantosa do que a dos grandes jatos.

Realmente expandir a memória de nosso computador, a tecnologia de nossos celulares e outras máquinas, de nossos conhecimentos e bens, estar aqui e ali, nos dão a saborosa condição de liberdade, desafio, oportunidades e possibilidades.

Mas expansão também tem seus limites e conseqüências para que não nos deixemos ser contaminados e nem levados ao chão.

João Azeredo
Enviado por João Azeredo em 13/09/2009
Reeditado em 03/04/2011
Código do texto: T1807229
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