CAPACITAÇÃO DE PROFESSOR E A POLITICAGEM (Planejar é burocratizar, e o que seria desburocratizar?)
Eu sou um réu culposo neste pleito, desta vez me ausentei da escola por quatro dias, deixando meus alunos sem aulas e me recusei a pagar um substituto, não é justo tirar do meu defasado salário para servir melhor no trabalho. Fui para uma capacitação, no IFG, a pedido do NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) com cuja eu tinha vínculo, e a Secretaria de Educação Municipal tinha convênio. O curso da secretaria estadual: o tão disseminado "Profuncionário", preparando-me para beneficiar os administrativos do Município.
A diretora da Escola Municipal em que trabalho disse-me:
— Sua declaração do IFG (Instituto Federal de Goiás) não vale, o pessoal da Secretaria me disse isso, se você quiser pode ligar lá. Vamos cortar seu ponto.
No dia seguinte, quando fui assinar meu ponto, não foi surpresa para mim, ver ali, no lugar de minha assinatura, o carimbo de “não compareceu”, um doce eufemismo que me custou caro.
Recorri à responsável pelos tutores dessa região (Aparecida de Goiânia e Senador Canedo) para pleitear minha causa. Que desenvolvesse sua argumentação com grande cuidado. Cobrindo cada área possível que a Secretaria Municipal poderia tentar usar contra um mero professor que também é tutor. Que se antecipe cada complicação legal, cada aspecto de credibilidade das testemunhas que poderá ser levadas ao tribunal. Pois, sabemos que nossos oponentes são “brilhantes”. Mas, ninguém se importou com meu prejuízo!
Um incidente como esse, presume-se ser simples e que se centraliza apenas em torno de poucos personagens. Temos esquecido, muitas vezes, que, entre as secretarias de educação estadual e municipal, há mais em jogo do que os interesses educacionais, há "politicagem" (separação/ Estado e Município). Que pôr fim a um probleminha como esse é necessário muito mais do que seria necessário normalmente para assegurar apenas uma capacitação do funcionalismo. O problema que poda a luta pela qualidade do Ensino Público é de âmbito meramente político partidário e também está fundamentado em picuinhas particulares. Talvez envolva falta de caráter, profissionalismo e ética!
Disto, podemos ter certeza: se sou um bom professor e um bom funcionário público, merecedor ou não, minhas ações e decisões colocam-me em um relacionamento salvífico ou não salvífico perante o sistema, e “quem tiver sem pecado atire-me a primeira pedra”.
Educação de qualidade com professores capacitados é muito complicado, por aqui! Além do mais, não há planejamento que não seja inviabilizado por os tais sábados letivos, visto que a agenda dos cursos de capacitação de professor é também para os finais de semana, no intuito de evitar as declarações de ausência na sala de aula.