A QUATRO MÃOS
Uma linda poetisa, linda como só as poetisas podem ser, me surpreendeu com um convite para escrever um texto a quatro mãos...Me veio aquele girar de idéias e torpor de emoções poéticas que insistem em invadir nosso íntimo pensar e sentir...
Escrever a quatro mãos... Fiquei perplexo... Meio confuso... Até que percebi mais uma vez a astúcia das poetisas.
Escrever a quatro mãos é dividir a vida... A quatro mãos e dois corpos... Múltiplas possibilidades... De se escrever poesia... De se escrever a vida... A quatro mãos...
Com quatro mãos as possibilidades são quase infinitas... É muito bom para se coçar as costas... Para se tocar peças específicas ao piano... Para se lavar os cabelos... Abotoar o sutiã... Carregar compras no supermercado... Massagear o corpo inteiro...
A quatro mãos também temos a possibilidade quântica de se poder multiplicá-las... E assim as quatro mãos podem vir a ser seis ou, oito ou quem sabe dez mãos, o que implica em três filhos... Sempre mãos aos pares... frutos de tal encontro...
Quatro mãos, quatro olhos, quatro ouvidos... Dois corpos... Dois cheiros unidos, formando fragrância única e divina, o cheiro da vida.
Poetisa, escrever a quatro mãos é uma proposta deliciosamente íntima ... É compartilhar as idéias e sentimentos do outro... É dividir... Discordar... Compreender... Dialogar... Pensar a dois... Casamento de idéias... E casamento será algo mais profundo que esse compartilhar?
Mais uma vez uma poetisa me surpreende com tanta perspicácia, astúcia e sabedoria... A quatro mãos se dá o melhor da vida... O encontro com o amor... Com a família... E através desse encontro a percepção do numinoso em nós mesmos e no próximo...
Convoco então todos os poetas e poetisas, unam-se... Realmente de quatro é melhor... Mãos, pés, olhos, todo o corpo, enroscado no divino poetar da dança da vida, com a sensibilidade carinhosa e bela que só as poetisas e poetas têm.
Beijos poéticos !
(Dedicado a todos os poetas para que amem mais ainda...as poetisas)