DESTA VEZ ERA REAL...
Enquanto as labaredas engoliam paredes, destruíam vidas, queimavam sonhos eu pensei na ironia do destino. Quantos filmes Hollywood produziu criando catástrofes, ataques naturais e\ou humanos, para, no final exaltar a eficiência da segurança americana?
Diante das cenas, exibidas ao vivo pela TV, o mundo inteiro se perguntava – o que está acontecendo? No início cheguei a pensar que era algum trailer, marketing hollywoodiano. Horrorizada percebi que era tudo real. Um pesadelo. Pensei nas mães. Como seria ver, pela televisão, o local de trabalho de seu filho sendo destruído pelo fogo? Chorei por elas, pelas esposas e filhos.
Não conseguia pensar nos desdobramentos políticos\econômicos daquele ato. Em minha cabeça só vinham as imagens das famílias destruídas, dos pais que saíram para trabalhar sem dar um beijo no filho, sem dar um abraço na esposa e que nunca mais voltariam. Na mãe que brigara com os filhos por uma bobagem, que não tivera tempo de dizer eu amo vocês e que nunca mais voltaria a falar de amor. No filho que saiu de casa aborrecido sem tomar a benção. Nunca mais ouviria seus pais dizendo: Deus abençoe.
Pensei nos sonhos adiados, agora soterrados. Nos planos guardados em gavetas bem distantes dali, mas queimados pela esperança de poder fazer tudo amanhã. A cada explosão milhões de sonho voavam pelos ares. A cada desmoronamento vidas eram soterradas, esperanças eram, precocemente, abortadas.
Meus olhos não queriam acreditar no que viam. Eu, que não assistia aos filmes do gênero por detestar cenas de violência, mesmo fictícias, via agora, ao vivo, cenas reais. Desliguei a televisão. As notícias eram assustadoras e, desta vez, não tinha como ‘adivinhar’ o final. O roteiro fora escrito pelo inimigo. Não havia mocinhos ou bandidos. Eram todos reais. Cada um lutando por aquilo que acreditava. Justo ou não. Certo ou errado, quem iria saber? Deus salve as nações do ódio, do fanatismo. Dos que agem em nome de Deus e destroem o mundo.