A sobriedade dos poetas
Falta-me a sobriedade dos poetas. Dos loucos, a sobriedade dos poetas: os lírios do tempo atiram-se, sós, em destino. E eu, que tanto a mim mesmo recorro, vejo distanciarem-se os frutos da virtude, como se a época grega fosse, e não deixasse sequer um verso dito, ou escrito. Que peso tem as linhas do meu ser? Ó diabólico consolo intercalado... Tu me vens em partes e, por assim vir, és denso, como a pálpebra dos meus olhos agora. Sôfrego, observo um cheiro que não pertence á essência. Como louco, fico: aquilo me traz algo. Sou sincero: traz-me ela. Para que enfrente e em frente vá, dai-me, então, a sobriedade dos poetas que, mesmo ébrios, executam seus méritos com leveza, com suavidade. Ah se suave fosse eu... Talvez me fosse concedido de volta a dádiva do amor, dos olhos, das figuras oníricas. Translúcido, vejo um barco que se desloca. Continuo a caminhar, e vejo outro barco deslocar-se. Vi – jovem sonhador! – que os dois barcos eram um, e que se não deslocavam. E assim desapareceram ambos; e assim não vi mais nenhum. Louco, peço: protege-me, por fim, de devaneios, ó amor. Guarda-me. Dá-me - para que não fuja de mim - a sobriedade dos poetas...
obs: Desculpem-me possíveis erros.
Estou com um problema no teclado, o que faz com que não possa organizar o que escrevo de forma perfeita.