Uma caminhada
O silencio é o molde da caricatura. Árvores dispersas – várias – tornavam o lugar densamente habitado de pureza, apesar de inóspito a vários olhos humanos. Sob um outeiro, pairavam aves desconexas; esdrúxulas. Um pouco de significado é medido em cada coisa, o que corta-me, por vezes, o alento. Quem há de não sentir o ar limpo da Natureza? Que me pesem os meios, todavia corria sobre mim a estranheza e momentânea saudade: era isso que tirava-me o ar, em verdade. Tirar-mo ele foi, ainda assim, e em segundos, o que fez-me arrostar a doença, a amargura, a obscuridade. Vi-me, assim, entre eu mesmo. E é esse lugar - e é esse espaço cheio de verdade - a peça que faltava aos meus sonhos, aos sonhos que desejam a inteireza: o amar. Falo do amor das pessoas, e não dos poetas. O amor inteiro, o amor... E assim, ao contemplar as coisas, revesti-me da arma potencial contra o descaso da felicidade: carreguei o peito de ar. Ar que vem das coisas, das próprias coisas, que, no fundo, são o mesmo ar. Delicado e suave. Assim comecei minha caminhada.
obs: continua.