Momento de Fúria

Se jogou de um suspiro como quem se atira aos lamaçais do fracasso e perdeu momentaneamente os sentidos... direcionando seu caminho rumo a escuridão racional e noturna começou a correr do seu próprio ser.....

Desejos recém nascidos alimentavam a sua necessidade de fugir daquele cemitério de alegrias momentâneas; desejos anciãos colocaram em sí os germes que lhe tirariam a luz por um valioso tempo...correu mais e mais..

Parecia que as vibrações do seu corpo inteiro se polarizavam na mente: esbarrou nos ombros de um cara acidentalmente e quase o levou ao chão, não pediu desculpas e nem ao menos se voltou para trás... olhou e ouviu fixamente o interior de suas profundezas e sentiu vontade de deixar o grito que estava preso ganhar a liberdade:

hrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahrhr

Nesses momentos de puro delírio humano, em que nada na vida, nem mesmo um grito que morre em sí, parece ser mentira: um espasmo convincente de loucura nasce da morte de outras virtudes; instantes de completa fúria ofuscaram qualquer pedido sano por respiração e controle...

Inspire ------- respire-------: não dá certo!... então feche os olhos e conte até dez em voz alta 1,2,3... hrahrahrahrahrahrahrahrahrahrahra... passou o braço por debaixo das palpebras e usou a camisa.

A mesma força que poderia fazê-lo voar em direção ao prazer o impediu de realizar um pensamento que pudesse se tornar reabilitador...

Abriu os olhos da mente com muita dificuldade, mas concluiu que precisava de mais gritos como aqueles para se curar de verdade e que, naquele momento, sua ilusão era um total sopro de terror, não ouviu-se mais gritos aquela noite, os sonhos se encarregaram do trabalho sujo e a mais nova mentira foi arquitetada pelo inconsciente...

Depois de uma chuva ligeira tudo voltou a ser como era antes...

Vagner Silva
Enviado por Vagner Silva em 10/09/2009
Reeditado em 10/09/2009
Código do texto: T1803101
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